terça-feira, 10 de março de 2009

Quaresma é tempo de deserto.


Tantas vezes nos ouvimos esta frase: A quaresma é tempo de deserto. Mas não pensamos no seu significado mais profundo. O deserto é uma necessidade para cada um de nós que quer viver profundamente a vida cristã. Para quem quer realmente se abandonar numa vida de oração o deserto é uma passagem obrigatória.

No deserto somos tentados pelo maligno diziam os santos padres que quem está mais próximo de Deus também está mais próximo do tentador. Pois, ele os tenta para tirar da comunhão com Deus. O jeito de rezar proposto por Jesus quando nos manda nos trancar no nosso quarto e a portas fechadas falar com o Pai também é um modo de viver o deserto. Partindo do ponto que a nossa oração comunitária é necessária e algo próprio da nossa vida cristã a vivencia comunitária, essa deve ter como ponto de partida uma experiencia profunda com Deus vivida no deserto, onde falamos a Deus e deixamos que Ele fale em nossos corações.

A nossa liturgia nos propõe esse tempo forte para a conversão, a quaresma, e nos propõe os instrumentos básicos, para nos ajudar nesse itinerário: o jejum, a esmola e a oração.

Queremos aprofundar esse terceiro que penso que seja uma necessidade do nosso tempo. Muitas pessoas esquecem da sua dimensão transcendente da vida de oração. Vivem e morrem do mesmo modo que os seus animais. Estão muito mais preocupados com coisas simplesmente materiais.

Em lugares como na Europa está corrompido pelo ateismo, o secularismo, relativismo. São pessoas ou grupos que negam valores essenciais, como a transcendencia, a existencia de Deus, e outros valores fundamentais para nós cristãos. Mas muitas vezes nós que nos dizemos cristãos passamos a nossa vida vivendo como se não fossemos. Rezamos muito pouco, quando rezamos. Ficamos perdidos de maneira a nos afastarmos de valores básicos para viver o mistério de Cristo em profundidade.

O deserto é uma necessidade para cada um de nós . O deserto é lugar da desolação, da solidão e da prova. Mas é ali que reconhecemos o nosso nada e que Deus é tudo. Que tomamos consciencia que somos pó. O povo de Deus foi para o deserto, ali foi provado, testado, e teve a certeza de ser amado e escolhido como povo de Deus.

Jesus também passou por essa experiencia, era ali onde Ele estava ligado ao Pai numa profunda vida de oração, mas também estava exposto as investidas do tentador.E cultiva uma vida de união com o Pai que o fortalece para estar a encontro dos irmãos para a sua vida de ministério. Os Santos Padres no inicio da Igreja também vão para o deserto. Onde na solidão e longe das distrações da cidade buscam estar em comunhão com Deus através de uma profunda vida de oração.

Nesse tempo de quaresma nós somos chamados a entrar no deserto a aprofundar a nossa vida de oração. Podemos viver o deserto onde nós estamos. Não precisamos sair da cidade largar a nossa familia, mas podemos fazer uma opção radical por aprofundar nossa vida de oração e intimidade com Deus.

Podemos experimentar quanto é rica a vivencia do silêncio e nos ajuda a ser pessoas que enxergam na vida a sua dimensão profunda, pessoas que são capazes de ouvir a voz de Deus mesmo no meio das confusões do dia-a-dia. Sentimos onde Deus fala e onde silencia. Com certeza se optamos por fazer essa experiência seremos investidos pelo tentador que nos quer desviar do caminho.