sábado, 9 de janeiro de 2010

Os pequenos gestos fazem a diferença.

" O amor se esconde nas pequenas coisas
Só pode entender quem se faz mais simples
Um pequeno gesto faz a diferença
Quero dizer que o mundo começa aqui dentro de nós"
(Padre Fabio de Melo)

Essa frase simples na verdade é uma máxima. Já diria Santa Teresinha do Menino Jesus da Sagrada Face, a santa das pequenas coisas. Lembramos também essa mensagem na vida da Beata Teresa de Calcutá que diz que o importante não é o que fazemos, mas o amor que colocamos naquilo que fazemos. Se nos colocarmos diante de Deus por mais que achamos que fazemos, esse muito sempre será pouco visto que nós somos limitados e Deus é o Amor. Nos somos simples criaturas e Ele o principio e o fim de tudo. Mas o importante é o amor, somente o amor da sentido a nossa vida aos momentos de felicidade e ajuda a entender os sofrimentos.
Mas é o amor que dá sentido a tudo. O amor é um gesto concreto. Se não for realizado em concreto não é amor. Um pequeno gesto: um sorriso, um aperto de mão, um abraço, um simples gesto em disposição de encontro ao outro, de acolhida de abertura, que faça notar que para nós o outro existe e é importante. Um pequeno ato que faça notar que nos importamos com outro que estamos profundamente mexidos em direção a ele que não podemos ignora;lo ou viver como se ele não existisse. O amor que deixa de ser palavra e entra na história por que se torna gesto, movimento, se concretiza. Todo movimento realizado terá uma reação seja ela de reciprocidade ou contrária. Esse amor em movimento vai gerando consequencias e desencadeia uma corrente que espera uma resposta. Nos somos chamados a ser o amor de Deus em ação no meio do mundo. Nossos olhos devem refletir o olhar amoroso de Deus. Ele deve falar as pessoas pelas nossas mãos, braços e boca. Todo o nosso ser deve comunicar o amor de Deus. Através desses pequenos gestos que parecem insignificantes estamos fazendo a obra de Deus acontecer e seu amor abraçar o mundo, essas pequenas coisas tão pequenas que parecem nada, mas fazem a diferença. Quando vi essa noticia do Frei Fabiano em um blog, parei justamente para pensar nisso. Esse pequeno gesto de pegar uma criança nos braços que parece banal fez a diferença como podemos ler no texto abaixo, tocou o coração de Paulo Fessel que conta o seu testemunho:

“Eu e Aurea cremos que o Ângelo tem uma luz própria, algo que faz as pessoas sorrirem quando olham para ele. Essa foto é um documento vivo dessa assombrosa sensação. Na missa de natal, esse frade franciscano andava por toda a igreja, abraçando e beijando as crianças que por lá estavam. Ao vir o Ângelo, ele não piscou: pegou-o imediatamente no colo e fez dele seu Menino Jesus para o Natal de 2007, apresentando-o depois a todos os fiéis na igreja, diante do altar. Nem eu nem minha mulher somos religiosos hoje em dia, mas não pudemos deixar de nos emocionar com a cena. A qual, felizmente, pude registrar.”

Oração da Paz que foi atribuida a São Francisco de Assis.

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

A oração acima é a versão em lingua portuguesa da conhecida popularmente como a Oração da Paz ou Oração de São Francisco. Recentemente um estudo feito por C. Renoux um histórico frances nos revela que a referida oração não é tão antiga como se pensava. Procurando nas familias de manuscritos autenticos de São Francisco essa oração não aparece que são quatro familias: o códice 338 de Assis, a compilação de Avinhon, o grupo da Porciuncula e o grupo do Norte ou provincia de Colonia e existem coleções conservadas em codices do século XIV ou XV das quais é dificil atribuir aos grupos acima mencionados. A publicação mais antiga que ainda não é edição crítica a Editio princeps de Luca Wadding, frade menor recoleto irlandes que aparece em 1623, nela se recolhe vários escritos de São Francisco, bem como homilias, orações, e outros generos não do santo, mas sobre, é uma grande obra composta de 3 volumes intitulada: Beati Patris Francisci Assisiatis opuscula: Nunc primum collecta. Mas a nossa oração da paz não está contida nessa primeira edição dos escritos como também não encontramos nenhum manuscristo antigo. Por isso, consideramos o bastante para descartar que a afirmação que a oração tenha saido da pena do Francisco histórico.
A primeira notícia que temos dessa oração é numa revista chamada La Clochette, que do grupo “Liga da Santa Missa”, sob a direção do Padre Esther Auguste Bouquerel publicada no mês de dezembro de 1912 em Paris, França com o título: “Belle prière à faire pendant la Messe”, cujo texto frances está em nota de pé de página. Essa Liga da Santa Missa tinha como objetivo levar para a Igreja aqueles que não frequentavam, tem uma finalidade de aumentar a devoção, com um impegno de apostolado, mesmo no sentido de uma cruzada. No ano de 1912 nesse jornal que era o boletim informativo da Liga da Santa Missa é publicada a bela oração para recitar durante a missa, sem autor e nem mesmo as iniciais, mas essa não é a unica oração publicada nesse jornal priva de assinatura ou nome do autor outras poesias e orações foram publicadas assim.
O Padre Bouquerel pode ser o possivel autor dessa oração visto que ele redigia sozinho esse jornal e escrevia artigos para diversos outros, escreveu peças de teatro e tantas outras coisas com esse desejo de promover a devoção e impenho eucaristico. A partir de 1914 o jornal se mobiliza para promover ações em favor da paz, promovendo e motivando orações pela paz. O jornal publica matérias com o título como “ A missa e a guerrra” . Em 1918 o Papa Bento XV pede que todos os sacerdotes rezem a missa pelo r etorno da verdadeira fraternidade entre os povos.
No ano de 1915 Stanilas de la Rochethulon encarrega Emanuel Portal de transmitir ao Cardeal Gasparri várias orações pela paz para o Santo Padre por ocasião do ano novo, dizem que o Papa agradeceu e gostou principalmente da oração ao Sagrado Coração de Jesus. Eleito em tempos de guerra Bento XV não fes outra coisa que se empenhar pela paz tanto que a sua primeira enciclica Ad beatissimi Apostolorum, onde convida todos a rezar pela paz . Por motivos politicos o governa Franca proibi e confisca os folhetos com as orações nas saidas das Igrejas e todos os boletins que reproduziam as orações eram proibidos na repartições publicas.
As orações que são apresentadas ao Papa a nossa oração simples com o nome de invocação ao Sagrado Coração é encaminhada ao l’Osservatore Romano e publicada como sendo do Souvenir Normand em janeiro de 1916 foi divulgada em italiano, no mesmo ano o texto foi traduzido outra vez para o frances pelo jornal la Croix , e divulgado novamente. Ainda no 1916 Monsenhor Alexandre Pons pede permissão ao Papa para divulga-la. No ano de 1920, o padre capuchinho Etienne Benoit, assistente da Ordem Terceira de São Francisco de Reims, pega esse texto e manda imprimir no verso de uma imagem de São Franscisco mudando o títula para Oração pela paz., mas até então a oração não está associada como escrito de Francisco. O texto com poucas modificas é divulgado no meio protestante dessa época por J. Rambaud e E. Bach, com o título: Uma bela oração, em seguida se torna a oração oficial dos Cavaleiros da Paz que são os primeiros a atribui-la a São Francisco Em 1023 nasce a Ordem Terceira de Veilleurs, uma espécie de Ordem Terceira inspirada a São Francisco de Assis dentro do protestatismo fundada pelo pastor Wilfred Monod.
Pouco a pouco essa oração percorreu o mundo virando letra de música e se popularizando entre católicos e protestantes e foi rezada por várias pessoas famosas: pelo Papa João Paulo II, no primeiro encontro internacional pela paz , em 1986. , e inclusive parece que foi lido na cerimónia da fundação da ONU em 1945.A beata Madre Teresa de Calcutá rezava todos os dias, inclusive aparece no seu livro de oração, nas orações matutinas e ensinava aos seus colaboradores. O arcebispo de Recife, o brasileiro Dom Hélder Câmara se inspira nessa oração e faz inserir nos seus escritos . O presidente americano Bill Clinton quando em 1995 acolhe o Papa João Paulo segundo fala de São Francisco e faz menção a essa oração. Pelo bispo anglicano no Sul da Africa Desmond Tutu, que é membro de uma associação anglicana muito semelhante a OFS.
Alguns como Padre Willibrord Christian van Dijk, afirmam que essa oração não poderia ser de São Francisco pelo modo como está composta que não expressa um cristocentrismo, não explicita o nome de Jesus nem uma vez, outros porque nas orações autenticas de Francisco não tem pedidos, sempre louvores.Ainda que os textos de Francisco estão permeados de citaçoes das Sagradas Escrituras coisa que essa não contém.
Dois autores dedicaram um livro inteiro a comentar essa oração, seja L. Boff, que Kent Nerburn escreveram ambos um comento sobre essa oração que foram publicados no ano de 1999. Ambos teólogos declaram que a oração é de caráter de universalidade e de atualidade, pois a paz é uma necessidade para os nossos dias.
Para o senso teológico L. Boff porém nos chama atenção para o início da oração inicia com a palavra SENHOR que é o título de respeito que no cristianismo é reservado somente a Deus sendo uma tradução do grego Kyrios, um dos títulos atribuidos pelos cristãos somente a Jesus. Se por um momento analisamos a Oração diante do Crucifixo que está entre as orações compostas por São Francisco, ele está pedindo ao Senhor que o ajude a fazer a Sua vontade, mas ainda sim é um pedido, e podemos notar que aparecem as virtudes teologais, fé, esperança e caridade, tem a contraposição iluminar/trevas: “Sumo, glorioso Deus, Ilumina as trevas do meu coração e dá-me fé direita, esperança certa e caridade perfeita, (bom) senso e conhecimento, Senhor, para que faça teu santo e verdadeiro mandamento.”
No seu livro L. Boff faz uma bela reflexão sobre o sentido de cada palavra colocada nessa oração: paz, amor, perdão, união, fé, verdade, esperança, luz etc. Estabelece uma relação entra a oração pela paz e a consgração ao Coração de Jesus do Papa Leão XIII no 1899. Para a que ele chama de segunda parte busca a fundamentação de cada detalhe dessa oração nos textos do Evangelho como: “Dai, e ser-vos-á dado”(Lc6,38) “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados” (Lc 6,37), “Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á”(Lc 17,33), “Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” (Jo12,25) e para a terceira parte que seria a conclusão encontra sustento na Admoestações de São Francisco apresenta as virtudes em contraposição aos viciosno seguinte modo : onde tem valor positivo “virtude” não tem valor negativo “vício”. Na Admoestação 27, lemos o mesmo esquema da oração pela paz : “ 1 Onde há caridade e sabedoria, aí não há temor nem ignorância. 2 Onde há paciência e humildade, aí não há ira nem perturbação. 3 Onde há pobreza com alegria, aí não há cobiça nem avareza. 4 Onde há quietude e meditação, aí não há solicitude nem distração. 5 Onde há temor do Senhor guardando a porta, aí o inimigo não acha jeito de entrar. 6 Onde há misericórdia e discrição, aí não há superficialidade nem endurecimento”
Não afirmamos que o autor da oração a tenha composto olhando as Admoestações de São Francisco, mas colocando os textos próximos tem alguma prossimidade. L. Boff nos diz que orações profundas como está tem como autor o Espírito Santo e refletem uma dimensão de universalidade. Por isso, a oração simples e profunda encontra ressonancia no ser humano em todas as partes do mundo e ainda que não tenha saido da caneta de São Francisco de qualquer modo Francisco de Assis e a sua espiritualidade contribuiram para que essa oração existisse e podemos entende-lo como Pai Espiritual dessa oração ou do autor desconhecido que a compos. Fazendo um paralelo, encontramos caso semelhante com o magnifica é conhecido de todos como um canto mariano. Sabemos que não foi Maria que o compos, mas foi colocado na sua boca no Evangelho e não tem quem diga que não expressa a profunda espiritualidade mariana.

A silenciosa batalha interior.

“O erro não se torna verdade por se difundir e multiplicar facilmente. Do mesmo modo a verdade não se torna erro pelo fato de ninguém a ver” (Mahatma Gandhi).

O inimigo mais potente contra o qual lutamos não é um adversário externo, mas nós mesmos. Não é loucura começar uma empresa assim, mas uma necessidade para o crescimento humano-espiritual . Temos que descobrir tudo: a estratégia, os pontos fracos do inimigo, os perigos.
Talvez empregamos muito tempo para perceber as fragilidades, nos iludimos com facilidade, não enxergamos a situação real. Criamos barreiras defensivas e fantasias a respeito de nós mesmos. O “auto-conceito” é egoista, prepotente e auto-suficiente.
Podemos passar toda a vida nos enganando, tendo a necessidade de ser ou de se sentir algo: um título, um cargo, uma máscara, um papel a assumir, ou outras formas que nos distanciam do nosso “verdadeiro eu”. Precisamos dar-nos a importância e sempre colocamos uma proteção. Decidir-se por travar essa luta é para aqueles que chegaram ao ponto de não suportar viver de aparências. Sentem a necessidade de mergulhar mais profundo.
Em tempos de pós-modernidade e afirmação do “eu” pode parecer loucura uma proposta simile. O caminho para a libertação é alcançado por meio da reflexão meditada, um profundo exame de consciência e tomada de posição. Somos nós mesmos ou reproduzimos comportamento ditados pelas tendências da moda e mass media. Sentimos necessidade de elevar-nos, exaltar-nos? Temos uma vontade constante de ser, ter e poder será esse o nosso “verdadeiro eu“?
O zen budismo não propõe destruir o “eu”, mas o “falso eu”, com seus mecanismos: defesa e camuflagem. Para libertar o “verdadeiro eu” assumimos a verdade das coisas, vencendo a barreira das ilusões que distanciam do verdadeiro sentido criando uma abertura universal de comunhão com os outros, com o cosmos e com a divindade.
Os místicos cristão praticaram esse aniquilamento do “falso eu”, para emergir-se no Absoluto. Podemos citar: João da Cruz , Teresa de Jesus, ou Francisco de Assis que humildemente seguindo o Cristo crucificado consegue reconhecer que a auto-imagem, e os títulos são somente para disfarçar nossa fraqueza e nós fazer pseu-potentes, são máscaras que nos distanciam de nós mesmos, de Deus e dos outros.
Clara de Assis escreve que a luta do nú contra o vestido é injusta, quem está nú não pode ser agarrado, quem está vestido e pode ser facilmente preso e derrubado. Não perde nada quem está consciente da sua pequenez existencial diante de Deus. Estar por terra, se fazer o menor, ter consciência de ser de barro, é não pode ser diminuido ou desclassificado. O homem é aquilo que é diante de Deus e nada pode se acrescentado, por isso não tem a necessidade de defender status, a sua posição social, ou idéias.
Uma pessoa com essa humildade já não se defende de acusações alheias, não lhe interessa uma boa imagem. Está centrada na busca da verdade de sí mesmo não se deixa entreter por essas armadilhas do “falso eu” , na linguagem bíblico-ascético: não se deixa enganar pelas vaidades.
O exercício de desvelar-se camada por camada para atingir o “verdadeiro eu” è um processo doloroso, mas profundamente libertador.
Essa guerra contra a idolatria enfrenta o mais poderoso dos ídolos que já existiu: o nosso “eu divinizado” um monstro construido, resultado de todas as fantasias da imagem fabricada e dos desejos egoistas.
A capacidade de compreender a função da luta contra o “falso eu” que nos ajuda a aproximar-nos da verdade, não é a negação de sí como muitos pensam, mas a libertação de tudo que não é o nosso “verdadeiro eu”. A batalha interior é o único caminho para a libertação das amarras que nos privam do verdadeiro encontro.

Maria Madalena aquela que testemunhou a Ressurreição.

“E foi Maria Madalena anunciar aos discípulos: Vi o Senhor!”

Estamos nos aproximando da vigília pascal para os cristãos é tempo de mergulhar profundamente no mistério de Deus revelado em Jesus Cristo. A liturgia nos oferece a oportunidade privilegiada de reviver entrando no mistério da Salvação.
Não é apenas a narração do que aconteceu ha tempos atrás, mas é a oportunidade de participar nesse exato momento a história da Salvação operada por Jesus Cristo acontecendo. Nos relatos da Ressurreição no Evangelho de João tem uma personagem que sempre chamou atençãom chama-se Maria Madalena encontra-se entre as mulheres que seguiam Jesus.
A partir do momento que ela tem o seu encontro com o Senhor não consegue mais se distanciar dele. Ela o segue no seu ministério, entregando-se de coração ao Senhor e ao seu projeto do Reino. Seu seguimento do Mestre é incondicional ela vive o anúncio da Palavra na intimidade com o Senhor.
No momento em que Jesus é condenado a morte, ou como chama João da sua glorificação, se fala que todos os apostólos fugiram, porém na cena tratada no relato evangélico encontramos aos pés da Cruz: Maria, mãe de Jesus, João e Maria Madalena. Quando o mestre tinha sido abandonado por quase todos, até mesmo os seus amigos mais próximos, Maria não o abandona. Pedro no momento de perseguição até mesma nega o Senhor, ainda que se arrepende depois, mas Madalena, não.
Maria aparece de novo entre aqueles que vão ao túmulo no domingo de manhã. Ela está sofrendo com a falta do seu mestre que foi tirado injustamente. Encontra o túmulo vazio e imediatamente corre avisar os discipulos que a pedra foi retirada. Se preocupa depois quando percebe que o corpo não está ali. Maria não para de chorar é consolada pelos anjos. Jesus aparece e pergunta: mulher porque chora? No primeiro ela não reconhece e conta que chora por não saber onde está o Senhor. Jesus então chama pelo nome: Maria ! Ela reconhece o seu mestre. Ele a envia a anunciar aos outros que Ele Ressuscitou. Ela imediatamente correu a anunciar.
Percebemos a profundidade do relacionamento mestre-discipula. No relacionamento ao sentir a voz se reconhece. A primeira a ver Jesus Ressuscitado é uma mulher que a partir desse momento se torna missionária.
Durante muito tempo na Igreja por influência das homilias madalênicas do Papa Gregório Magno(591), que identificou a pecadora pública do Evangelho com Maria Madalena. Durante muito tempo a iconografia oriental representou Maria como a adultera. Embora, graças a exegese seja católica que reformada, essa interpretação de Madalena como prostituta, não é aceita ainda temos resquicios remanescente dessa interpretação na tradição popular. Com o filme Códice Da Vinci, essas e outras polêmicas sobre esse personagem vieram a tona .
Sobretudo, Maria Madalena é para todos os cristãos um modelo de discipulado fiel, atento ao mestre e de um relacionamento profundo com o Senhor. Uma testemunha da Ressurreição do Senhor que se torna missionária do Reino. Um modelo para os homens e mulheres cristão de vida missionária, de amor a Jesus e anuncio continuo da Palavra de Deus por palavras e gestos.

Existe uma espiritualidade do corpo?

Somos seres humanos que vivemos na pós-modernidade. Não me interessa aqui discutir esse termo e suas implicações, definições, prós e contras, e todo o debate atual no campo da filosofia e da comunicação social sobre esse termo. Aqui simplesmente faço uso para distinguir que estamos numa época, passado o iluminismo, e toda a revolução que chamamos de modernidade. E nesse período que entre tantos nomes chamamos pós-modernidade também o pensamento muda, se dá conta de várias ideologias, utopias, e dos limites da razão. Se percebe um certo misticismo, uma tendência esotérica. No ocidente sentimos uma invasão de tendências pseudo-orientais. Entre a juventude é cada vez mais frequente o uso de incensos, de músicas orientais, e vontade de conhecer doutrinas orientais como o budismo,etc.
O que procuramos acentuar é que o homem contemporâneo tem outros problemas, preocupações, não significa que muitas das antigas sejam superadas, mas a configuração do espaço, o modo de se relacionar com as coias e consigo mesmo mudou. Isso é vísivel: globalização, internet, o ciberspaço, o nível da relação, a sexualidade. Chegamos no momento da perda de paradigmas. Junto com todas essas preocupações entra o destino do planeta, o futuro do ser humano. Como portar a esperança ao ser humano do nosso tempo? Como religar esse ser humano despedaçado ao divino?
Podemos dizer que surgiram essas e muitas outras perguntas complexas. Sobre as quais as respostas estamos longe de tê-las.
Com todas essas mudanças o modo de se relacionar com o Divino também mudou. A vida consagrada mudou atualizando a sua presença no mundo. A Igreja teve que abrir as janelas para o mundo tão atual é o Concílio Vaticano II.
A espiritualidade também coloca a suas perguntas. Como ajudar o ser humano a trabalhar a sua dimensão espiritual? Quando uso esse termo não estou me referindo a uma escola de espiritualidade, e nem mesmo no sentido confessional, mas a relação do ser humano com o sagrado. Por exemplo, é muito atual a obra de Wassily Kandinsky, chamada “O Espiritual na arte”, onde o artista faz uma proposta justamente da arte como um sacerdócio onde o artista partindo da sua necessidade interior deve comunicar os valores. Kandisky podemos dizer que estava influenciado pelo Espiríto hegeliano, quando chama atenção para uma nova era, onde essa arte nova, trouxesse essa “boa nova”, na verdade, esse tempo não chegou, mas suas idéias são válidas no sentido que considera a arte como uma expressão do sagrado e o compromisso do artista com a beleza a partir da necessidade interior.
Uma resposta cristã entre tantas outras: a Carta do Papa João Paulo II aos artistas, è tão atual, onde o santo Padre convida os artistas e os anima nesse mesmo sentido de mostrar ao mundo a beleza a usar a sua arte a serviço de Deus. Podemos colocar a pergunta porque um Papa se dirigi aos artistas dessa maneira a ponto de escrever uma carta de denso conteúdo teológico, onde condivide com os artistas essa necessidade. Aqui não discuto os valores clássicos, segnalados no texto: o bom, o belo e o verdadeiro.
Colocado esses pressupostos passamos a discussão sobre a espiritualidade e ascética. Na espiritualidade sempre esteve presente uma tendência a espiritualizar-se, ou podemos chamá-lo de um “espiritualismo”. Onde na maioria das vezes o lugar do corpo era de ser castigado, domado ou seja, apenas ignorado. Por mais que falemos de uma unidade do ser humano, não somos coerentes porque dividimos as atividades espirituais e as corporais, sempre estamos nessa cisão dicotômica. Muitas vezes fazemos menção ao corpo, mas tudo que se refere ao corpo consideramos perigoso. No terreno do corporal estão as tentações. Hoje na vida religiosa não usamos mais a famosa disciplina e outras práticas ascéticas porém a nossa mente está condicionada a dividir as coisas nesses dois campos.
Porém o corpo ainda continua a ser reprimido a ter que assumir padrões de comportamento que o limitam, que podam o seu natural, a sua expressão graciosamente original. Acabamos condicionando o nosso corpo a corresponder padrões de comportamentos esteriotipados muitas vezes nos fazem pagar esse preço da repressão dos sentimentos e da nossa espontaneidade. O corpo perde a sua espiritualidade. Os seus movimentos profundos, dotados da graça natural.
Uma das respostas a essa pergunta vêm não do campo da espiritualidade, mas da psicoterapia. O terapeuta Alexander Lowen, que se interessou pela espiritualidade do corpo. Lembrando que o conceito de espiritualidade aqui não é no sentido confessional, mas se define por espiritualidade a dimensão transcendente do ser humano esse ligação com o Deus e com a criação , todo o universo. Abordagem da análise bioenergética leva em consideração coisas simples do nosso cotidiano, é um dos pontos principais é a respiração.
O professor Lowen em seu trabalho começou a observar que somente tratar as pessoas a nível mental, ajudadava mas não contribuia muito para a resolução do problema. Após seus estudos conhecendo as teorias de Wilhelm Reich, ele chega a conclusão que os traumas, as armaduras, e os bloqueios estão no corpo, e não adiantaria nada simplesmente uma terapia a nível mental sem tocar o foco do problema, o corpo. O nosso corpo funciona como uma página onde toda a nossa história está escrita, e tudo mesmo aquilo que não aceitamos está registrado, nada passa desapercebido, não nós damos conta mas está alí presente. Mas nós podemos tomar consciência de nós, de nosso, corpo e trabalhar os nossos traumas.
Podemos escolher como viver de maneira plena a nossa vida. Na sua obra “Il piacere – un approccio creativo alla vita” título esse, que entendo livremente como : O prazer um modo criativo de viver a vida “il piacere è un modo di essere” . Acho importante pontuar o que se entende com a palavra prazer, me dou conta dos significados perigosos da mesma e das diversidades de interpratação. Porém o uso da palavra prazer, para indicar uma maneira gostosa de viver a vida e a as coisas simples, não é um hedonismo exacerbado como pode dar a impressão, mas simplesmente encontrar o gosto da vida nas tarefas simples. O prazer como vem proposto do autor está ligado a criatividade .Nos propõe de descobrir o prazer nas coisas, como por exemplo limpar a casa, ou cuidar do jardim. É sem dúvida uma opção que podemos fazer, decobrir o gosto das coisas...

A discípula amada: primeira testemunha da Ressurreição.

“Pedro disse a Maria: Irmã, nós sabemos que o Mestre te amou diferente das outras mulheres. Diz nos as palavras que Ele te disse, das quais tu te lembras e das quais nós não tivemos conhecimento” .

Existem personagens que marcam nossas vidas. Nos emocionamos com muitas historias bíblicas personagens, vida de santos. E a compreensão que temos desses personagens muitas vezes permanece a da catequese da primeira eucaristia sem aprofundarmos.Quando as pessoas recebem outras informações, ao invés de aprofundarem seus conhecimentos querem afirmar como verdade ultima e essencial àqueles conteúdos apreendidos no passado sem atualizá-los a luz dos novos dados.Comigo não poderia ser diferente dos outros, ouvi a vida inteira sobre Maria Madalena como a pecadora arrependida a quem Jesus concedeu o perdão, e muitas vezes na catequese ou na homilia dos padres ouvi se referirem a ela como prostituta, e sempre evocada a figura com uma conotação moralista, de pecado e pecado relacionado ao sexo. Mas com o tempo fui crescendo e já não podia mais me alimentar só de leite materno era preciso comer algo sólido. Na minha caminhada na fé aconteceu a mesma coisa.
E retornei ao jardim de infância para relembrar vários personagens da minha época de catequese: o Jesus que conheci, Maria, mãe de Jesus companheira de todos os momentos, os apóstolos, me recordo com carinho de cada um deles, e Maria Madalena, por quem tive sempre muita admiração. Senti a necessidade de me debruçar sobre essa figura do Evangelho e conhecê-la melhor e descobri uma outra Maria Madalena que não é conhecida. A fiel testemunha de Jesus, a companheira de caminhada, a discípula, a grande apostola que com o caminhar da história foi desacreditada e vinculada a “mulher pega em adultério” que não é nomeada no evangelho segundo João 8,1-7, colocada como “prostituta”. Primeiro acho necessário discernir entre “prostituta” que se vende como forma de ganhar a vida, tornando-se assim uma profissão. A atual linguagem pede que nos façamos referencias a essas pessoas, não como prostitutas, mas como “prostituídas” uma situação sócio-politico-economica a levou a essa forma de sobrevivência.
Compreendendo os termos: prostituta/prostituída, partimos para adultera, alguém já comprometida em casamento a alguém que por um motivo ou outro se faz infiel a esse compromisso. A mulher que vai a julgamento no evangelho de João não tem como ser vinculada a Maria Madalena não tem nome, é absurda essa vinculação. Mas agora falemos um pouco de Maria, que para mim é uma personagem importante que aponta com coragem o seguimento do Mestre, seu compromisso com Ele, com seu estilo de vida e projeto.
Tendo presente a celebração da Ressurreição do Senhor, os relatos do Evangelho de João nos colocam a experiência de Maria bem próxima do Senhor, tanto na cruz: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto a cruz” durante o sepultamento,”Maria tinha ficado fora, chorando junto ao túmulo” e Ela reconhece o Senhor ressuscitado: “Mestre” e anuncia aos discípulos: “Eu vi o senhor. E contou o que Jesus tinha dito” Por isso, celebrando a Ressurreição do Senhor e vivendo este momento de intimidade com Ele, para nós que procuramos seguí-lo de perto, a oportunidade privilegiada para fazer o caminho, viver, morrer e ressuscitar com Ele. A contribuição de quem conviveu e seguiu bem de perto o Senhor pode nos ajudar a estar nessa presença do Ressuscitado. O testemunho dessa “discípula amada”, que conviveu com Jesus, partilhou de sua proposta, se sentiu tocada pelo mestre e não mais o abandonou.
Maria se colocou a fazer o caminho do discípulo e da discípula, deixou-se amar e ser amada por Ele compartilhou sua vida e jamais se apartou dele. Seu testemunho se coloca para nós cristãos e cristãs como o paradigma do discípulo e da discípula que se compromete com o mestre e com a proposta de vida nova. Ela é o modelo de seguidora de Jesus.
Mas durante a história algumas visões preconceituosas construíram uma figura errônea desta testemunha da Ressurreição, mulher, discípula, fiel ao seu mestre aos seus ensinamentos e com certeza forte liderança no ambiente das primeiras comunidades cristãs.
Recentes estudos nos ajudam a conhecer um pouco mais sobre essa liderança das primeiras comunidades. Em primeiro lugar é preciso quebrar os preconceitos em relação a esta figura feminina. Madalena não é a prostituta, nem a pecadora que se arrependeu.
Conhecendo um pouco mais sobre Maria “Miriam de Mágdala” é sabido que na cultura judaica o nome ajuda a elucidar a identidade das pessoas e em alguns casos designam a missão da pessoa. No caso de Míriam, que quer dizer amada de Deus, ou neste caso a amada do Mestre Jesus.
No Evangelho de Felipe se diz: “O Senhor amava Maria mais que todos os discípulos, e a beijava na boca freqüentemente. Os outros discípulos viram-no amando a Maria e lhe disseram: Por que a amas mais que a todos nós? O salvador respondeu dizendo: Como é possível que eu não vos ame tanto quanto ela?” “Mágdala deriva do hebraico midgal, que quer dizer Torre. Maria é ,portanto, a mulher da Torre, a guardiã, aquela que guarda os mandamentos de Jesus”
Outras fontes revelam também que Maria é mulher autônoma. Pois seu nome não está relacionado a um parente masculino: pai, irmão, etc.Mas ela tem rosto próprio e o que a designa é o nome de sua região de origem. Isso nos mostra que ela é uma mulher independente que segue Jesus . Maria é citada nos Evangelhos canônicos doze vezes.Em Marcos, Madalena é mencionada juntamente com as mulheres que seguiam Jesus e o serviam desde quando estava na Galiléia: “Entre elas estavam Maria Madalena, Maria mãe de Tiago, o menor e de Joset e Salomé.” Essas mulheres também são qualificadas como as discípulas. Na lista de mulheres que seguiam Jesus sempre Maria Madalena é citada por primeira, o que sugere liderança. Podemos ver isso também nas cenas da Crucificação e da Ressurreição . Ficaram olhando onde Jesus tinha sido colocado . Quando passou o sábado compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus Depois de ressuscitar Jesus apareceu a Maria Madalena da qual havia tirado sete demônios. Ela foi anunciar isso aos seguidores de Cristo que estavam de luto e chorando .
Segundo os critérios de Atos 1, 21-25, Maria recebe autoridade de “testemunha da Ressurreição” e “apóstola”. A apóstola Maria Madalena a partir do momento que conhece o Senhor e resolve tomar o caminho do discipulado não se aparta mais dele. Ela percorreu o caminho da Galiléia para Jerusalém. Na cena da crucificação, mesmo correndo o risco de ser presa pelos romanos ou até crucificada ela se manteve acompanhando o Mestre na cruz. Foi ao túmulo homenagear o Jesus, ungir o seu cadáver e recebeu o encargo de anunciar sua Ressurreição. Lucas também menciona o fato de Maria ser curada de sete demônios e como anunciadora da Ressurreição e provavelmente está presente entre as mulheres das comunidades primitivas em Jerusalém “Os quatro Evangelhos mostram claramente essa imagem, mas a ela se opõe a afirmação de Paulo em 1 Cor15,3s sobre as testemunhas da Ressurreição” Quando Paulo fala da aparição do Ressuscitado, menciona aos apóstolos, a comunidade reunida e depois a si próprio, legitimando seu título de apóstolo, mas não menciona o testemunho das mulheres.
Na tradição as coisas vão se misturando e aos poucos e tornando se nebulosas e a apóstola, discípula fiel do mestre vai se aproximando ou transformando na pecadora redimida ou na adúltera da tradição. “A partir do século IV podem –se comprovar tentativas de Cassiano e Ambrósio, padres da Igreja latina, para fazer da “apostola de todos os apóstolos”, como às vezes ela ainda é chamada até à Alta Idade Média , um ser sexual de uma espécie particular: a grande pecadora que em Lucas 17, 36s unge Jesus foi posta em conexão com Maria Madalena(...) Com isto a doença da primeira apostola passou a ser entendida como sendo desregramento sexual” A leitura feita sobre a personagem Maria Madalena é de forma moralizante e sua condição existencial de mulher seguidora do Cristo vai se mesclando com o pecado sexual e prostituição. Temos duas leituras a Madalena Apóstola e a Madalena Arrependida que se identifica com a prostituta da Tradição. Mas com Gregório I passamos a ter uma única leitura dessa personagem que se torna a oficial, a Madalena Prostituta. “Com a difusão das homilias madalênicas do Papa Gregório I, essa imagem passou a ser única e obrigatória”
Durante séculos essa leitura é a que prevalece, que se populariza e fixa no inconsciente católico e de certa maneira perdura até hoje. É necessário fazer justiça histórica para com essa testemunha tão importante! No andar da carruagem o Concilio Vaticano II com suas várias mudanças, atualizações e ajustes, joga um pouco de luz sobre essa personagem: “O Concilio Vaticano II dá alguns primeiros passos na perspectiva de desligar estas duas imagens. A festa patronal de Maria Madalena torna-se independente e são trocadas as leituras fixadas para ela... No entanto, continua ocorrendo algo de curioso: a grande maioria dos pregadores, embora acabem de ler um texto evangélico no qual se mostra Miriam de Mágdala como a primeira testemunha da Ressurreição, pregam em seguida a história da prostituta arrependida. Nota-se que esta é uma imagem que atrai mais os homens que a de uma líder eclesial influente”
Chamo atenção para a beleza do relacionamento entre mestre e discípula, Jeshuá e Míriam. Está presente o modelo cristão de cumplicidade, relacionalidade entre os gêneros, troca, partilha e crescimento entre homem e mulher em pé de igualdade e respeito recíproco. Adotamos como modelo de solidariedade: Maria mãe e Jesus que são unidos por laços biológicos, com certeza, um relacionamento profundo, também é interessante percebermos os laços de amizade entre Jesus e Madalena e a solidariedade entre ambos. Eles expõem o protótipo cristão de relacionalidade de gênero.
Somos convidados a perceber essa discípula que vive a intimidade com o Senhor na experiência pré, pascal e pós. Como é bonita e nos nutre no seguimento a cena colocada em João 20,1-18. Maria atenta aos acontecimentos vai ainda escuro ao túmulo. Ela vê que a pedra que fechava o túmulo foi rolada. Corre apressada e comunica a Pedro e ao outro discípulo que o corpo do Mestre não está mais lá. Fica inquieta, por não saber onde está. Vai com os dois discípulos e fica chorando do lado de fora do túmulo, não se conforma, já o tinham feito sofrer de mais, mataram-no e ainda roubam o corpo. Maria é interpelada pelos anjos aos quais responde que esta assim por não achar o corpo do Senhor. Vira-se e vê o mestre, mas não reconhece, Ele pergunta: Quem procuras? Ela sem reconhecê-lo ainda pergunta se foi ele que levou o corpo. Quando ouve o Mestre pronunciar seu nome: Maria! Ela responde: Mestre! Mas Jesus disse: Não me prenda, vai comunicar aos irmãos. Vou ao Pai que é o Pai de vocês. Recebendo esse mandato e dando se conta de que presenciará a vida pulsar, o Ressuscitado. Maria partiu e anunciou aos discípulos: “Eu vi o Senhor” “A missão de Maria Madalena como testemunha e mensageira da verdadeira fé era única no contexto do que hoje poderia parecer um período igualmente único da florescente comunidade cristã. Aparece como a primeira e imediatamente, a mais importante das mulheres em torno de Cristo. Na geração posterior à ressurreição surpreendente descobrir a magnitude da importância de alguns dos papéis que as mulheres desempenharam” Nada mais justo que se faça presente no momento da Ressurreição, quem caminhou com Jesus toda a sua missão, nos momentos difíceis da cruz.“Maria Madalena na sua experiência de vida, experimenta o fascínio e o tremor na relação com o Próprio Jesus. Discípula desde a Galiléia, ela acompanha Jesus. Enfrenta junto com as outras mulheres a dura experiência da morte violenta a que submeteram Jesus. Ela aguarda a Ressurreição, a continuidade da vida e do processo instaurado por Jesus”
Precisamos resgatar muitos valores das primeiras comunidades que parecem estar adormecidos. A radicalidade do seguimento de Cristo. A opção de vida vivenciada e o fervor com que aderiram a esta proposta de vida apresentada por Jesus. Essa mulher que aderiu incondicionalmente ao Mestre tem muito a dizer aos cristãos, homens e mulheres do século XXI. A sua postura pode nos ajudar a nos aproximarmos do mestre e colocarmos em prática suas palavras. Abrir-se cada vez mais ao sopro do Espírito e caminhar com o Ressuscitado gerando a Ressurreição e vida. Uma comunidade que escuta essa apóstola amada do mestre e que testemunhou sua Ressurreição. Somente assim: “A Igreja só poderá ser uma comunidade de mulheres independentes e de homens maduros onde Maria Madalena vier a ser redescoberta em sua importância neotestamentaria”

O incomparável poder da oração.

“Orar não é pedir. Orar é a respiração da alma.” (Mahatma Gandhi)
Em nossos dias sentimos cada vez mais a secularização e a des-sacralização, se constatar o esquecimento e a perda de alguns valores que são tirados, mas não substituidos, permanecendo um vazio, sem propostas para preencher esses espaços brancos. Longe de ser um falso saudosismo muitos valores como: a família, a formação do indivíduo, os valores éticos são esquecidos deixando espaço ao relativismo. Muitas atitudes que eram consideradas quase comuns antes, agora são deixadas de lado isso tem uma influência no ser humano que nos estamos gerando na maioria das vezes demasiado egoista.
São quase em extinção valores como respeito pelo outro em geral, mas principalmente em relação aos idosos. Respeito pelo meio ambiente nas suas diversas modalidades de compreensão. Podemos constatar esses fatos todos os dias nos altos indices de violencia indicados pelos jornais, e os crimes contra a natureza.
O ser humano que se apresenta é cada vez mais vazio e sem profundidade interior. Muitos grupos religiosos na maioria das vezes parecem mais um tipo de trabalho e de modo de se manter que realmente cumprir o papel de “religare”, proporcionar os estreitamentos de laços do ser humano com a divindade. As áreas do conhecimento muitas vezes fragmentam o ser humano como que dividindo-o em pequenas gavetas. Criando uma verdadeira ruptura que o fragiliza na sua consistencia interna.
Diante de correntes do pensamento laico que respondem que a vivencia religiosa em nada contribui para o desenvolvimento do homem é possivel a seguinte a afirmação. Um ser humano enraizado em uma vivencia espiritual profunda tem um relacionamento diferente diante das situações e tem condições de responder de maneira construtiva diante de situações limites. Especificando claramente o espiritual não como algo espiritualizante que aliena as pessoas da sua realidade. Uma pessoa que cultiva uma vida interior, valores espirituais que não o desligam de um comprometimento com a vida social, ambiental, pelo contrário, para ser coerente com esses valores deve influenciar construtivamente.
Os valores espirituais cultivados não o distancia dos demais, a consequência é caminhar ao encontro dos demais. Nesse contexto a vida de oração, não simplesmente como uma suplica que se faz a Deus. Mas como uma vida intensa, que orando se compreende como ser comprometido com a realidade. Consegue entender o seu chamado a colaborar para um mundo melhor é o verdadeiro poder da oração. Não como um toque mágico que muda as realidades. Mas como um ponto de referencia que nos ajuda a transformar pela nossa ação a realidade.
A autentica vida espiritual se constata no comprometimento com a realidade, com a situação dos pobres, no respeito ao próximo e ao meio ambiente. A oração exerce o seu papel quando através dela nos nutrimos a cada dia para fortalecer-nos e sermos pessoas transcendentes que acrescentam vida nos ambientes onde frequentamos desse modo se revela a pontencia de uma vida orante.

A conversão de São Francisco de Assis.

Primeiramente esclarecer o termo conversão usado por São Jeronimo na tradução para o latim para mostrar que conversão não é quem sai de uma religião e entra em outra, mas é converter-se ao Evangelho fato esse que deve ser levado a serio por cada cristão cada dia da vida, não é o fato de se dizer cristão que conformamos nossa via ao Evangelho mas viver segundo Ele.

Nas famosas hagiografias (palavra bonita para dizer vidas de santos) são colocados fatos bonitos com a seguinte intenção quem le a vida de um santo fique encantando e também queira virar santo. As famosas hagiografias seguem um certo padrão de fatos e conversões dependendo do santo que ele conta a história. Porque o santo por excelencia é Jesus Cristo e todos os outros santos seguem o seu exemplo e o seu testemunho deve conduzir a Ele assim podemos entender todos os mártires cristãos.

São Francisco de Assis era o filho de um mercador de tecidos. Tinha uma vida voltada para o dinheiro, a fama e o bem estar. Não que essas coisas sejam más. Mas um dia depois de passar por um caminho de doença, prisão e o modo de conseguir ainda mais prestigio sendo cavaleiro falha. Porque sendo vencido nela guerra por sorte termina na prisão. Francisco vai entendendo que todas essas coisas são os métodos da pedagogia divina que estão chamando a sua atenção que o sentido da vida cristão é algo muito mais forte e profundo. E como se Deus estivesse dizendo : “ Francisco, meu filho acorda pra vida, voce está se enganando eu não te criei somente pra isso”.

O fato é que dinheiro é necessário, mas nossa vida não pode se resumir em querer dinheiro, fama e poder. Leva toda uma vida motivada por isso ai está o mal .

Em todo esse processo de chamado divino que Francisco sente digamos da sua conversão a vida evangélica. Ele passa do desejo de ser cavaleiro a largar tudo porque o Evangelho ordena e começar uma vida bem simples primeiro sozinho e depois com os seus irmãos menores. Pobres e com os pobres, particularmente os leprosos e os rejeitados da sociedade.

Francisco tem entre os vários dois acontecimentos que pra mim são as duas faces da mesma moeda. O primeiro rezando numa Igrejinha chamada São Damião, sente a voz do Crucificado que diz : Francisco, voce não está vendo que minha casa está ruinas, reconstoi a minha Igreja. E outro momento é quando encontra com o leproso, de quem antes corria porque fazia impressão. Mas motivado pelas mãos de Deus desce e beija o leproso. São dois acontecimentos fortes da presença de Cristo na vida de Francisco o mesmo Senhor que se revela no crucifixo se revela no irmão pobre rejeitado da sociedade.

O que nós podemos aprender que a conversão a obra é de Deus. Temos que dar o espaço para ele agir em nós Ele que opera sempre. Mas devemos deixar o nosso coração aberto a esse presença do Senhor que todos os dias está nos procurando e nos estimulando a nós convertermos a Ele e ao seu Evangelho. Pedindo ao Senhor que nós ajude nesse desafio que é converter-nos rezemos: Senhor converter o meu coração e dai-me as forças necessárias para ser santo como tu és santo, sendo presença viva e operante do Cristo entre os meus irmãos, sendo sal e luz em todos ambientes onde frequento. Amem