domingo, 27 de março de 2011

Mamma Carolina: a Serva de Deus, Carolina Bellandi Paladini (1895-1986)


A mulher sobre a qual procuramos conhecer não pertenceu a elite intelectual, muito menos um grupo de ativistas, não foi uma freira missionária em outro país, não realizou grandes feitos e coisas extraordinárias. Ela foi simplesmente uma pessoa que realizou o que achava que era possível e estava ao seu alcance, para ama a Deus, e para fazer o bem ao próximo. No relativo aos estudos não foi uma grande maestra da academia porque tinha somente a escola primária, mas certamente foi uma pessoa plena de sabedoria adquirida nas experiências da vida. Na busca de viver uma espiritualidade mais intensa se tornou terciária franciscana acompanhada pelos frades capuchinhos e assimila logo os valores dessa opção. Como terciária franciscana na escola de espiritualidade do pobrezinho de Assis aprendeu alguns valores que colocou em prática e aos quais procurou ser fiel até o fim, principalmente o amor a oração e aos pobres. Ela testemunhou que a santidade pode ser vivida por uma mulher leiga e simples que vive no mundo, mas dedicando-se ativamente a Deus e colaborando ao apostolado da Igreja. Sendo filha de uma família de camponeses teve uma vida bem sacrificada e dedicada ao trabalho, mas também levou sempre consigo a forte religiosidade aprendida na casa paterna. Viveu o drama da Primeira Guerra Mundial, e no fim da mesma se casou em 1919, porém os filhos não vieram ainda que ela rezasse e pedisse a Deus. Com a crise economica de 1929 perdeu o emprego e assim uso o maior tempo livre para se dedicar a oração, a caridade e a adoração ao Santissimo, participa de várias missas durante o dia. A sua maternidade se tornou fecunda em outro modo, nos seus filhos espirituais, de quem ela cuidou com afeto e paciência, os vários meninos que ajudou a fazer a primeira comunhão, fato pelo qual mereceu ser chamada de Mamma Carolina. Um dia quando passava por um bairro pobre de Firenze se deparou com muitos meninos que jogavam na praça, e percebeu que a muitos, se não a maioria deles, seja pela pobreza que pelo descuido da parte da família na educação religiosa não tinham feito a primeira comunhão. Carolina entra em contato com as famílias desses meninos e cuidando para que eles façam a primeira comunhão começa a prepará-los seja espiritualmente, mas providenciando tudo o que é necessário para a cerimonia inclusive a festinha e desse modo no dia 06 de janeiro de 1936 recebe a primeira comunhão o primeiro grupo de meninos que ela confiou ao cuidado dos frades capuchinhos e nascia assim a Obra da Primeira Comunhão, que em 30 anos possibilitou que cerca 20.000 meninos em diversas regiões da Itália fizessem a primeira comunhão. Nos anos 60 a obra vai aos poucos terminando, mas Carolina estava já com 70 anos, mas não cansada para fazer o bem e começa a bater na porta dos mosteiros de clausura para pedir orações contra os males da sua época que ameaçavam a fé. Desse relacionamento com as monjas claustrais, Carolina começa a ajudá-las, com tecidos, dinheiro e o material para o trabalho e ainda as consolava e sustentava espiritualmente. As monjas ficam contentes com a presença entre elas dessa mulher simples que as apóia e nasce assim a Obra de Assistencia aos Mosteiros de Clausura. Carolina trabalha ativamente até que depois de um acidente estradal enquanto recolhia ofertas para as suas monjas a leva a morte aos 91 anos. Morre no dia 27 de dezembro de 1986. O processo para a beatificação foi aberto no da 18 de outubro de 2001. Se pode perceber que Deus continua agindo na história através de pessoas simples e humilde, com o testemunho de Carolina nos aprendemos que não precisamos fazer coisas extraordinárias, mas colocando amor no que fazemos com simplicidade será agradável aos olhos de Deus. Essa é uma lição que podemos aprender com o testemunho de vida dessa mulher simples dos povo, irmã franciscana que trasmite a vida e o carisma de franciscano ainda hoje vivo e frutuoso na história.


Frei Emerson Aparecido Rodrigues, OFMcap. Bibliografia

LIVI S., Il Vangelo della carità di una laica francescana frutto del primato della preghiera, in Vita Francescana, 2002. BORELLI, A., Serva di Dio Mamma Carolina, Carolina Bellandi Paladini, Terziaria Francescana in www.santiebeati.it.

quinta-feira, 24 de março de 2011

O franciscano do Jardim Glória.



Todos nós quando vivemos com a intensidade marcamos as pessoas com as quais nos relacionamos pelo nosso testemunho de vida. As posturas que assumimos diante das pessoas, a nossa maneira de se relacionar ou as coisas boas que fazemos marcam. Os bons exemplos que nos marcaram podem nos dar pistas ou ajudando-nos a viver melhor a nossa própria vida. Recordar esses testemunhos podem suscitar o desejo de sermos pessoas melhores seguindo os pegadas deixadas por pessoas que viveram bem possamos também nós sermos fiéis aos nossos ideais vivendo-os de maneira frutuosa e criativa.
Foram seres humanos que como nós, mas souberam encontrar uma luz que os guiou na vida e continua a brilhar quando recordamos seus gestos e reforçamos o pensamento de sermos fiéis aos nossos propósitos. Meditando a frase da beata de Calcutá quando diz que: “ o amor deve ser um gesto concreto mesmo que seja pequeno, mas concreto”, ou seja se ama com todo o coração, com o corpo, com a entrega de sí, não somente com a intenção, por boa que seja, e como não se ama somente com o intelecto ainda que esse nos ajudem a amar.
Em modo, contemplativo e afetivo vemos os nossos irmãos maiores que fizeram a história, não porque mudaram o mundo, mas porque souberam viver com sabedoria e coerência praticando aquilo que pregavam e mostrando a razão e o motivo pelo qual viviam. Podemos citar : João Paulo II, Madre Teresa de Calcutá, Charles de Foucauld ou Dag Hammarskjöld pela coerência com que viveram aquilo que ensinavam, em modo que a boca falava o coração estava cheio e se traduzia em vida.
Esses são grandes personalidades são indivíduos exemplares que admiramos, não somente no mundo religioso, porque são testemunhas válidas de que vale a pena fazer escolhas na vida e ser coerente com a opção feita e para todos nós são uma força que anima impulsionando o nosso desenvolvimento da consciência e da responsabilidade na busca de uma sabedoria existencial e relacional que contribua a caminhada de toda a humanidade.
Entre tantos frades capuchinhos da Província de São Paulo um que sem dúvida merece ser recordado, quase treze anos após a sua morte é Frei Francisco Erasmo Sigrist(1932-1998), o franciscano do Jardim Glória. Esse frade que assumiu o carisma da sua Ordem sabendo traduzir em gestos concretos encarnando- o em sua vida, em modo que sua contribuição é significativa como um testemunho franciscano-capuchinho. As pessoas que tiveram a oportunidade de conhecê-lo puderam perceber na sua pessoa uma simplicidade e humildade franciscana, seja pela sua opção de estar no meio dos pobres, trabalhando com eles, colocando-se com eles, como um deles.
Podemos dizer que recordou com a vida o quando se lê no capítulo sétimo da Regra Não Bulada de São Francisco, “ que os frades sejam menores ”.
Olhando para a história dos capuchinhos construida tendo como referência a humildade e a simplicidade que tem expressão na minoridade percebemos que “estar pobre entre os pobres” sempre foi e continua sendo uma baliza essencial para o carisma da bela e santa reforma, que a assumiu como um dos pilares fundamentais visto que os seus maiores santos, e as figuras que adiquirem importancia, de certo modo se tornam referência para a Ordem Capuchinha, não foram os intelectuais, ainda que esses também se encontram, mas foram os frades mais simples que faziam trabalhos manuais como porteiro, esmoleiro, sacristão, que como verdadeiros menores, na sua simplicidade faziam tanto bem a todo o povo de Deus, principalmente os mais pobres.

Frei Emerson Aparecido Rodrigues, frade menor capuchinho, bacharel em teologia pela Pontificia Universidade Antonianum, Roma, é estudante de Mestrado em Teologia Espiritual com especialização em Franciscanismo.