sábado, 21 de julho de 2012

O Testamento Espiritual de Frei Luís Quadrelli de Pietrasanta (1897-1974)


A teologia espiritual tem como objeto do seu estudo a “experiência de Deus” chamamos atenção, ao evidenciar essas palavras, colocando-as entre aspas, mesmo se as usamos não seriam adequadas e “experiência”, dentro desse contexto pode ser entendida sempre como de, sinônimo de “vivido”. Colocamos advertência em relação aos termos por dois motivos:

O primeiro que não é verificável a “experiência de Deus”, como na compreensão que temos dessa palavra na sua atribuição cientifica, o fazer experiência, cientificamente falando, entendida como aquilo que se pode medir,  ou analisar, desmontar, comprovar, como se pode fazer com um corpo, através da utopsia, ou com objeto, por exemplo, uma cadeira, é possivel desmontá-la medi-la e falar em termos quantitativos e qualitativos, no que se refere a experiencia de Deus, não é possível atingí-la diretamente, em sí mesma. Justamente, por isso,  o instrumento  privilegiado para nos  aproximarmos,   o quanto possível desse relacionamento com Deus, vivenciado pelo ser humano na sua integridade é analisando os seus escritos e testemunhos, onde podemos colher os elementos que podemos usar para compreender o quanto possível é essa experiência.

O segundo é  que  o termo “experiência” nesse caso  é utilizada não no sentido empírico-prático, de algo misurável e demonstrável quantitativa e qualitativamente, mas deve ser entendido de outra maneira, já que não encontramos uma palavra mais apropriada para descrever, essa  vivencia experimentada pelo indivíduo que se relaciona com Deus, mas pode ser entendida no sentido de, vivenciado, vivido existencialmente, experimentado, como relação  com Deus.[1]

Nesse pequeno texto nos propomos a repercorrer o Testamento de Frei Luis Quadrelli explicitando momentos tidos como fortes na sua experiência, como a vocação e como ela é vista por ele, o seu ministério pastoral em favor da TOF, e a fundação da sua obra mais importante a Pequena Companhia de Santa Isabel dando uma enfase especial no perfil traçado por ele, para as suas consagradas no seu Instituto.

No que se refere ao Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta(1897-1974), o  fundador do que hoje é o Instituto Secular Pequena Fraternidade Franciscana de Santa Isabel da Hungria, na época uma pia união formada por tercíarias franciscanas chamada, Pequena Companhia de Santa Isabel, nome dado por ele elo fundador que propunha as tercíarias viver segundo o modelo da santa padroeira, em oração e na prática da caridade.

Segundo o nosso parecer o texto que mais revela  a profundidade da sua experiência com Deus e os traços particulares da sua espiritualidade especifica e do carisma deixado por ele ao Instituto fundado por sua iniciativa é o texto: “Come Testamento Spirituale”, traduzido por nós ano de 2011, com o título correspondente, Como Testamento Espiritual, é uma longa carta escrita por ele,  e denominada Testamento Espiritual[2]. Foi escrita  no Convento de Montughi, no dia 18 de outubro de 1969.[3]

Segundo  o nosso modo de entender o conteúdo abordado pode ser dividido em dois eixos temáticos unidos entre sí: o primeiro eixo temático no que se refere a vocação e ministério pastoral iniciando a página 7 e se estendendo até a página 17, todo relato do primeiro momento, onde  conta a sua vocação franciscana e presbiteral,  e no segundo momento o desdobramento dessa vocação  no  seu intenso apostolado da pregação e da assistencia espiritual a que hoje chamamos Ordem Franciscana Secular, na época Ordem Terceira Franciscana, da qual nasce a pia união chamada Pequena Companhia de Santa Isabel que se tornará Instituto Secular. O segundo eixo temático inicia a página 17 onde o fundador começa a contar aquilo que se refere a fundação da Pequena Companhia como nasceu, com qual objetivo, e como foi colocada em prática essa iniciativa, por quais motivos, e no fundamentar a finalidade da instituição, ele  especifica os tratos fundamentais do que caracterizam o modo de ser e de agir das irmãs tercíarias franciscanas  de santa Isabel.

Uma primeira coisa importante é recordar esse genero literário chamado Testamento, no qual geralmente os fundadores, os mestres espirituais ou as pessoas que tem responsabilidade de guiar algum grupo manifestam a sua  ultima vontade, alguns elementos essenciais para a fidelidade aquele estilo de vida e aquele carisma especifico, em outras palavras exprime a sua herança espiritual.

Nesse caso o fundador escreve os seu pensamento  ao grupo que conviveu com ele para que não se desvie da fidelidade ao caminho traçado. No caso desse nosso fundador desde o inicio do texto é bem claro a quem é dirigida a carta  e os pensamentos nela redigidos, as suas filhas espirituais: “ as irmãs de santa Isabel”[4]

Outro elemento importante a ser levado em consideração que normalmente quando um fundador ou uma fundadora procura sintetizar num escrito o seu Testamento, teve a oportunidade de percorrer toda a sua vida considerando-a sobre a condução de Deus e percebendo a presença Dele nos mais variados eventos da sua vida, e esse recordar faz memória de toda a sua história com Deus, vendo toda a sua vida e vocação sob o influxo da graça de Deus.

É interessante que Frei Luis Quadrelli concebe a sua vocação religiosa franciscana não como algo individuale e separado do contexto, mas dentro de uma leitura eclesial, porque vê como  a graça de Deus o dom de receber o chamado da parte de Deus  através da colaboração de tantos outros homens e mulheres que considera como instrumentos de Deus no discernimento  da sua vocação e colaboradores de Deus no seu projeto.[5]

A vocação é um mistério da parte do amor gratuito de Deus e somente porque nasce da gratuidade de Deus, o ser humano é capaz  de iniciativas de entrega e de abandono aquela que se tem como a Divina Providencia. A vocação é uma resposta de amor porque quem chama nos amou por primeiro e a partir do momento que o ser humano vem conduzido e introduzido nessa perspectiva do mistério sente o desejo de responder com gratuidade.

Porém Deus age na nossa história não intervindo diretamente, mas usa instrumentos, que Frei Luis Quadrelli reconhece que são instrumentos de Deus na descoberta da sua vocação: o seu Pai[6], os missionários franciscanos[7], o Frei João Bresciani, que o chama de o frade da Renilda[8]. Tantas vezes essas pessoas falaram muito mais com o seu testemunho, mais que com as suas palavras e conduziram o pequeno Estevão (Stefano), que é Frei Luís, a responder a graça da vocação a qual ele considera uma grande graça que é a vocação religiosa e presbiteral e ainda mais o uso que o Senhor fez dele.[9] Como frade capuchinho e presbítero o nosso fundador recebeu um outro chamado o do ministério da pregação e como pregador percorreu diversos pulpitos da Itália, também como missionário popular.

Mas o Senhor preparou o seu coração para um grande amor a Ordem Terceira Franciscana que hoje é Ordem Franciscana Secular, por essa o frade capuchinho foi apaixonado e fez todo tipo de iniciativa para promover a sua difusão porque acreditava na espiritualidade franciscana secular como um caminho cristão possível e frutuoso para todo batizado, que procurava de viver de maneira plena a perfeição da caridade assumindo plenamente a missão  do cristão no mundo  e ao mesmo tempo faria muito bem as paróquias e as cidades onde as pessoas se tornassem seriamente tercíarios.

Ele foi um apaixonado pelos santos franciscanos aos quais construiu monumentos para render homenagem[10] e se desdobrou  na assistencia a TOF, quase ao ponto de por onde passava formar uma fraternidade da TOF.  Trabalhou incansavelmente na organização da Terceira Ordem Franciscana para que fosse mais eficaz e organizada e com isso pudesse dar melhores resultados trabalhou a nível, local, distritual regional, provincial e nacional, e foi um dos fundadores do Centro Nacional da TOF, em Roma.[11]

Do seu apostolado em favor da TOF nasce a obra que ele considera, a “Pupila dos seus olhos”[12], que nasce da Ordem Terceira e para Ordem Terceira, a Pequena Companhia de Santa Isabel que hoje se chama Instituto Secular Pequena Fraternidade Franciscana de Santa Isabel da Hungria, mesmo sendo ele o fundador e o idealizador  não concebe essa obra como uma idéia ou uma  obra puramente sua simplesmente, mas a reconhece com um olhar sobrenatural centra a atenção convegendo o olhar para aquilo que de fato a Pequena Companhia é uma obra nascida por  inspiração de Deus  e por isso, deve deixar-se ser  conduzida pela vontade Dele para corresponder a sua finalidade de ser escola de alta espiritualidade franciscana no mundo.[13]

O fundador  traça aquilo que podemos chamar de o perfil espiritual da irmã franciscana de Santa Isabel, que redigi resumindo em poucas palavras: É uma esposa de Jesus[14] que para corresponder  a sua vocação de consagrada segundo  o exemplo de Santa Isabel, deve continuar alegre mesmo na dor e amar a todos, inclusive, os que a perseguem, e porque agindo   segundo esses principíos, deve refletir nos seus gestos e na vida a imagem de São Francisco e Santa Isabel, e pelo seu testemunho atrair as almas para a vida evangélica.[15] Segundo o nosso modo de ver aqui se apresenta o núcleo do que deve ser essencial em inspirar a vida das franciscanas de santa Isabel.



 Bibliografia.



Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  Teixeira de Freitas, 2011.

Giovanni Moioli,  L’esperienza spirituale. Lezioni introduttive, Milano, 1992, p.54-56.





[1] Cfr. Giovanni Moioli,  L’esperienza spirituale. Lezioni introduttive, Milano, 1992, p.54-56.
[2] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  Teixeira de Freitas, 2011, p. 22.
[3] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 3.
[4] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 7.
[5] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 9.
[6] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 9.
[7] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 10.
[8] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 10-11.
[9] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p.11.
[10] Cf.Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 13.
[11] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p.15-17.
[12] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 21.
[13] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 22.
[14] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 23.
[15] Frei Luis Quadrelli de Pietrasanta, Como Testamento Espiritual,  p. 22.

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