Sem Pai ...[1]
Queridos jovens, é com o coração nas mãos que escrevo
a voces para contar um pequeno pedaçinho da minha história, não porque eu seja
uma pessoa importante, mas para ser um testemunho daquele em que creio.
Me consagrei ao Senhor Deus e Ele me sustenta sempre
nos momentos em que sou fraco e quero
deixar tudo, são nesses momentos que vejo
Ele se empoderar da mia vida e me reforçando, me renova ara que eu seja
sempre disponivel a recomeçar. Eu sou o Frei Emerson, brasileiro e tenho 31
ano, sou um frade menor capuchinho que ha alguns anos me encontro na Italia.
As
dificuldades na familia.
Eu nasci numa familia que tinha algumas dificuldades
como a maior parte das familias de hoje. Quando eu tinha 9 anos, os meus se
divorciaram . Meu pai foi embora e a minha mãe permaneceu cuidando da familia
com muito sacrificio. Eramos minha mãe, eu e uma irmãzinha que na época
tinha 3 anos e a minha avó que se
chamava Josefa, que depois que viuva se sentia sozinha e cansada.
Mia mãe procurava em todos os meios nos manter, não
tendo títulos academicos, mas também não queria trabalhar de empregada
domestica, e a única opção era trabalhar nos campos, mesmo se nesse tipo de
trabalho braçal se trabalha muito e se ganha muito pouco. Mesmo se a minha avó que era aposentada o
dinheiro era pouco. Por isso, a idade de 9 anos comecei a procurar trabalho
para ajudar a minha família. Então comecei a bater em tantas portas e recebi
alguns não como resposta. Quando já tinha perdido as esperanças uma senhora que
queria uma menina para ajudar na cozinha e cuidar do jardim me aceitou. Naquele emprego ganhava pouco, mas tinha o
que comer.
A minha avó cuidava da casa e da minha irmã e a minha
mãe trabalhava fora o dia todo. Eu trabalha de manhã e estudava a tarde, as
vezes nos finais de semana permanecia na casa em que trabalhava.
O
fascínio por São Francisco.
O fascinio por São Francisco me entusiasmou a deixar o
meu trabalho, na época secretário de uma escola de educação especial, para
entrar no convento. Por quais motivos? Pela vida fraterna, pela simplicidade
dos frades e sobretudo porque queria doar a minha vida aos pobres como São
Francisco. Quando conheci os frades não tive dúvidas que era alí que Deus me
queria.
Durante os anos da formação a vida religiosa, procurei
com sinceridade de me fazer santo, mas tenho consciencia que tinha sempre muito
para aperfeiçoar: não me sentia um verdadeiro filho de São Francisco. Me
culpava de rezar pouco, de não ter uma vida espiritual intensa como achava que
devia, de não me doar ao estudo o suficiente, e principalmente aos pobres,
sentia que faltava tanta coisa.
Mesmo a questão da minha familia não era tranquila
dentro de mim era um espinho. Não dizia nada a ninguém, quando alguem
perguntava do meu pai, eu saia ou mudava de assunto, ou fazia alguma piadinha.
Na realidade não conseguia aceitar a dor por ter sido abandonado, sentia a
falta em todos os momentos importantes da minha vida, eu sempre tinha que me virar sozinho, porque
a sua presença não tinha. Me perguntava: Porque a mim? O que eu fiz para sofrer
tanto assim? Tudo isso me causava um sentido de rebelião seja na relação com as
pessoas, mas também em relação a Deus. Imaginem um frade capuchinho que briga
até com Deus !
Em
busca do meu pai.
Os meus superiores me pediram para vir a Roma e
aceitei com entusiasmo. Procurei fazer de tudo para aprender o novo idioma e o
novo trabalho: ser porteiro num imenso convento chamado Colégio Internacional,
onde vivem os frades capuchinhos do mundo inteiro que estudam nas universidades
pontificias.
Enquanto estava na portaria e respondia o telefone e
abria o portão tinham muito tempo disponivel seja para rezar, para meditar,
para fazer leituras espirituais, como também para entrar dentro de mim
mesmo. E desse modo percebi os meus
sentimentos mais profundos e os pensamentos escondidos dos quais antes eu não
tinha plena consciencia talvez pelas atividades pastorais e a vida agitada.
E chegou o momento que tive que enfrentar o assunto
familia e comecei a rezar para ver as
coisas de uma outra maneira pedindo a Deus de chegar onde eu não podia chegar.
E o Senhor respondeu não do meu jeito, mas do jeito dele. Eu orei a Deus de
voltar ao Brasil e para procurar meu pai
coisa que eu já tinha feito mas sem sucesso. O Senhor na sua misericórdia
atendeu as minhas orações.
Através de amigos e conhecidos seguindo os conselhos e
as dicas e confiando sobretudo na força da oração e fiquei sabendo que meu pai
estava vivo e que se encontrava na cidadezinha Jauru. O meu coração estava
angustiado e não tinha paz. Continuei a repetir: Enquanto eu não souber
verdadeiramente se é ele não deixarei ninguém em paz.
Depois de dias de telefonemas e depois de incomodar as
pessoas na Prefeitura, na Igreja e na Policia, uma pessoa se disponibilizou a me ajudar e no mesmo dia
eu sabia que meu pai estava vivo e se encontrava no asilo da cidade. Quando
tive a certeza comecei a não dormir a noite. A solicitude paterna do Senhor se
manifestou através da ternura do Reitor do Colégio, frei Isidor Peterhans, que
me ajudou a preparar-me seja humanamente que espiritualmente para esse forte
momento de encontro com meu pai.
Durante as férias de Páscoa voltei ao Brasil e
permaneci ali com pai durante a Semana Santa. Pra mim foi o mais bonito
presente que o Senhor me deu, uma verdadeira e propria Ressurreição ! Todo o
sofrimento desses anos, todas as dificuldades e as rebeliões foram curadas.
Assim eu pude abraçar o meu pai que por mais de 21 anos não sabia noticias
dele, nem mesmo se estava vivo.
Com
o coração agradecido.
Por essa
maravilha que o Senhor fez por mim sou agradecido e sempre serei! O
motivo pelo qual compartilhei esse epsodio da minha vida não é aquele de
colocar em evidencia a minha pessoa, mas fiz para celebrar Deus que me chamou a
segui-lo, me sinto apaixonado por Ele, porque Ele me cuida , me cura, me consola, e ama sempre. Tudo aquilo que
possa fazer por Ele não é nada se
comparado ao amor que o Senhor tem para cada um dos seus filhos. Por isso, com
a minha vida e a minha vocação quer entoar um canto de louvor e de reconhecimento
ao Senhor. Que o Senhor vos abençoe e vos atraia para Ele para gozar do seu
amor e da sua bondade que são sem limites.
Frei Emerson Aparecido Rodrigues, OFMcap.
[1] Esse artigo é a tradução em
lingua portuguesa do texto publicado em italiano na revista de animação juvenil e vocacional
da Provincia Veneta dos Capuchinhos. Fra
Emerson Rodrigues, Senza Padre, in Via
Libera 2 (2012),p. 26-28.