O
ideal seria não precisar existir um dia especial de luta para lembrar que
coisas tão fundamentais deveriam ser realidades para todos e não um caminho
ainda distante a ser percorrido. Sabemos que o dia internacional da mulher que
comemoramos em 08 de março todos os anos,
mas que ser uma festividade do calendário civil é um dia de
luta pelos direitos da mulher que em vários setores da sociedade não recebe o
devido valor como ser humano.
Embora
realizando as mesmas funções e competências dos homens, na maioria das vezes é
tratada como inferior ou um profissional de segunda categoria fator
discriminante visível nas condições de trabalho ou no salário. Nos causa profunda tristeza e indignação que,
com todo o progresso tecno-científico e recursos de nossa sociedade em muitos
temas, a dignidade da mulher na sociedade ainda se encontra com notável atraso.
Mas enquanto não conquistamos a meta desejada vamos sonhando e lutando, projetando
as nossas expectativas em um futuro melhor,
e exigindo dos nossos lideres e dos nossos iguais uma mentalidade
endereçada no sentido de possibilitar uma transformação efetiva da sociedade,
para que os direitos e a dignidade de mulheres e homens sejam garantidos e
respeitados, e assim, possamos viver a plenitude do projeto originário de Deus.
Infelizmente,
também na Igreja, mesmo se propondo a viver segundo a ótica evangélica muito
deve ser construído e fortalecido. A Igreja caminha com a sociedade e reflete muitas vezes
valores da mesma. Assim, como na sociedade existem alguns setores que
assimilaram a importância do papel exercido pelas mulheres, outros ainda não
aprenderam a reconhecer e valorizar devidamente, e na Igreja acontece de modo
semelhante.
Recentemente,
o Papa Francisco dedicando algumas palavras sobre a importância da mulher na
Igreja, e reconhecendo o seu protagonismo de fundamental importância, ressaltou
que não se trata de clericalizar as mulheres para poder valorizá-las
devidamente, mas de criar instrumentos que reconhecessem essa importância real
e significativa na obra evangelizadora e na missão da Igreja no mundo.
De
nossa parte, devemos reconhecer que uma estrutura machista e patriarcal é
predominante, visto que o centro da decisão parte sempre de homens pertencentes
ao clero. Intimados a resgatar o espírito primigênio que move nossas
comunidades, colocando no centro a Palavra de Deus inspirados primeiramente em
Jesus e sua solidariedade para com as mulheres, e na pratica das primeiras
comunidades. Colocamos como uma exemplar
elucidação, a Carta aos Gálatas que ilumina a pratica da comunidade, recordando
que homens e mulheres sãos novas criaturas
regenerados em Cristo, consequência pratica do batismo, pois através
dele todos somos novas criaturas em Cristo e com a dignidade recebida todas as
diferenças são eliminadas. Homens e mulheres, recriados e resgatados são agora
o sacramento da nova criação e instrumentos da restauração do projeto originário
de Deus.
A
Igreja como portadora da mensagem que resgata a nova humanidade restaurada em
Cristo, deve comunicar ao mundo essa
verdade fundamental sempre nova, e
apresentar a construção dessa nova humanidade que se espelha no Filho de Deus,
e gerada Nele através do seu testemunho
concreto e da sua prática do amor que se inicia dentro da própria comunidade de
fé.
Cabe
a cada um de nós, homem ou mulher fortalecer
a ação da nossa comunidade e reconhecer a importância das nossas irmãs, de
modo que a sua presença, ação e ministério, sejam reconhecidos e devidamente
valorizados. A vertente da igualdade em Cristo
entre homens e mulheres perante Deus e a comunidade, é um tema urgente
que deve ser retomado na sua centralidade.
Olhando
superficialmente percebemos que os componentes das várias pastorais, movimentos
e grupos paroquiais são seres humanos do sexo feminino. O rosto da Igreja esposa de Cristo é
feminino, se as mulheres pararem toda a comunidade para.
Por
isso, minhas irmãs impelidas pelo Espírito, força criativa de Deus-Amor,
continuemos animados e animadas pela esperança, renovando a nossa fé e
testemunhando o amor na comunidade e no mundo, sempre atentas a nossa dignidade de criatura nova.
Frei Emerson Aparecido Rodrigues
Fraternidade Capuchinha da Paroquia Santo Antonio de Cajati/SP
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