quarta-feira, 2 de abril de 2014

A presença da mulher na Igreja.


            O ideal seria não precisar existir um dia especial de luta para lembrar que coisas tão fundamentais deveriam ser realidades para todos e não um caminho ainda distante a ser percorrido. Sabemos que o dia internacional da mulher que comemoramos em  08 de março todos os anos,  mas que ser uma  festividade do calendário civil é um dia de luta pelos direitos da mulher que em vários setores da sociedade não recebe o devido valor como ser humano.
            Embora realizando as mesmas funções e competências dos homens, na maioria das vezes é tratada como inferior ou um profissional de segunda categoria fator discriminante visível nas condições de trabalho ou no salário.  Nos causa profunda tristeza e indignação que, com todo o progresso tecno-científico e recursos de nossa sociedade em muitos temas, a dignidade da mulher na sociedade ainda se encontra com notável atraso. Mas enquanto não conquistamos a meta desejada vamos sonhando e lutando, projetando as nossas expectativas em um futuro melhor,  e exigindo dos nossos lideres e dos nossos iguais uma mentalidade endereçada no sentido de possibilitar uma transformação efetiva da sociedade, para que os direitos e a dignidade de mulheres e homens sejam garantidos e respeitados, e assim, possamos viver a plenitude do projeto originário de Deus.
            Infelizmente, também na Igreja, mesmo se propondo a viver segundo a ótica evangélica muito deve ser construído e fortalecido. A Igreja caminha  com a sociedade e reflete muitas vezes valores da mesma. Assim, como na sociedade existem alguns setores que assimilaram a importância do papel exercido pelas mulheres, outros ainda não aprenderam a reconhecer e valorizar devidamente, e na Igreja acontece de modo semelhante.
            Recentemente, o Papa Francisco dedicando algumas palavras sobre a importância da mulher na Igreja, e reconhecendo o seu protagonismo de fundamental importância, ressaltou que não se trata de clericalizar as mulheres para poder valorizá-las devidamente, mas de criar instrumentos que reconhecessem essa importância real e significativa na obra evangelizadora e na missão da Igreja no mundo.
            De nossa parte, devemos reconhecer que uma estrutura machista e patriarcal é predominante, visto que o centro da decisão parte sempre de homens pertencentes ao clero. Intimados a resgatar o espírito primigênio que move nossas comunidades, colocando no centro a Palavra de Deus inspirados primeiramente em Jesus e sua solidariedade para com as mulheres, e na pratica das primeiras comunidades. Colocamos como uma  exemplar elucidação, a Carta aos Gálatas que ilumina a pratica da comunidade, recordando que homens e mulheres sãos novas criaturas  regenerados em Cristo, consequência pratica do batismo, pois através dele todos somos novas criaturas em Cristo e com a dignidade recebida todas as diferenças são eliminadas. Homens e mulheres, recriados e resgatados são agora o sacramento da nova criação e instrumentos da restauração do projeto originário de Deus.
            A Igreja como portadora da mensagem que resgata a nova humanidade restaurada em Cristo, deve  comunicar ao mundo essa verdade fundamental sempre nova,  e apresentar a construção dessa nova humanidade que se espelha no Filho de Deus, e gerada Nele  através do seu testemunho concreto e da sua prática do amor que se inicia dentro da própria comunidade de fé.
            Cabe a cada um de nós, homem ou mulher fortalecer  a ação da nossa comunidade e reconhecer a importância das nossas irmãs, de modo que a sua presença, ação e ministério, sejam reconhecidos e devidamente valorizados. A vertente da igualdade em Cristo  entre homens e mulheres perante Deus e a comunidade, é um tema urgente que deve ser retomado na sua centralidade.
            Olhando superficialmente percebemos que os componentes das várias pastorais, movimentos e grupos paroquiais são seres humanos do sexo feminino.  O rosto da Igreja esposa de Cristo é feminino, se as mulheres pararem toda a comunidade para.
            Por isso, minhas irmãs impelidas pelo Espírito, força criativa de Deus-Amor, continuemos animados e animadas pela esperança, renovando a nossa fé e testemunhando o amor na comunidade e no mundo, sempre atentas a  nossa dignidade de criatura nova.

Frei Emerson Aparecido Rodrigues

Fraternidade Capuchinha da Paroquia Santo Antonio de Cajati/SP

Nenhum comentário: