Esse blog é dedicado a vida de oração e espiritualidade. Contem reflexões, orações e pequenos artiguinhos que possam ajudar as pessoas a viver essa prática.
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
Mensagem da Jornada Mundial da Juventude 2011
segunda-feira, 20 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
A importância do testemunho de uma vida vivida com alegria e esperança.
terça-feira, 31 de agosto de 2010
Convite a Eucaristia.
segunda-feira, 30 de agosto de 2010
A relação entre a Virgem Santíssima e o Cristo.
quinta-feira, 26 de agosto de 2010
Irmão Sol Irmã Lua: uma reflexão
Quantos de nós tantas vezes não nos emocionamos enquanto assistiamos? Realmente apresenta uma visão muito romantica de Francisco e Clara e que por algum tempo responde as necessidades imediatas e alguns sonhos. Porém penso que esteja bem ali o problema. Começar com uma visão ingenua e sonhadora da prosposta de Francisco pode ate ser um começo, mas o problema é que diante da concreteza da vida esse ideal romantico não se sustenta.Nesse caso uma ajuda necessária é vermos as intenções do autor. Será que Franco Zefirelli quando produziu esse filme tinha como intenção apresentar a vida do homem de Assis ? Aqui nos temos que enfatizar duas coisas. Nos no ambiente post moderno somos homo videns é muito importante a imagem. Qual é a imagem de Francisco? Mesmo questionando as hagiografias antigas. Qual é o verdadeiro Francisco? o da biografia de Tomas de Celano ou da Legenda de São Boaventura, ou talvez seja de I Fioretti?
Penso que nenhum santo tenha tantas biografias modernas e seja tão conhecido em todos os ambientes e paises. Mas voltamos a pergunta qual imagem de Francisco é revelada?Tendo em consideração o império da imagem e a cultura anunciada por ele, o cinema tem muito a dizer. Os nossos jovens assimilam as informações muito mais pelo que viram do que pelo que leram.Talvez o Francisco cinematografico nos ajude qual será a verdadeira imagem ? ou atrapalhe ainda mais. O esforço de ler a cultura hodierna é absolutamente fundamental. Não podemos simplesmente como Homer Simpson nos estirar diante da televisão e engolirmos tudo sem questionar. A pastoral franciscana passa pela midia também.Nesse sentido é uma ajuda por exemplo o livro do frade capuchinho italiano Lucio Saggioro onde analisa as diversas imagens de Francisco no cinema e toda a problemática entre franciscanismo e os meios de comunicação social. Desde o Frate Sole de Ugo Falena, 1918, ainda cinema mudo, ou Francesco giubilare di Dio de Roberto Rosselini, 1950, do neorealismo do pós guerra , ou Fratello Sole Sorella Luna de Franco Zeffirelli, 1972 ou Francesco de Liliana Cavani, 1989. Citamos esse quatro para ficarmos entre os mais famosos. Nos interessa sobretudo os últimos dois: Frate Sole Sorella Luna segundo a análise feita por Fra Lucio Saggioro, Franco Zeffirelli não tem a intenção de retratar São Francisco de Assis, mas pelo contrário numa Europa em crise depois de 1968, com a queda dos valores, e o caos instaurado, onde todas as instituições tem que se refazer inclusive a própria Igreja faz os esforço de dar respostas. O diretor do filme procura oferecer uma resposta para os jovens da sua época, de crise e sem paradigmas que buscam uma resposta, e encontra em Francisco esse jovem contestador das estruturas que vive seus dramas e consegue superá-los sendo assim uma resposta.Com certeza temos valores para colocar na balança não é tudo positivo, como também nem tudo se pode jogar fora.Muitos acusam o diretor de psicologismo, pacifismo bobo, metafisico, romantico e muito doce, nele se reforça o Francisco namoradinho de Clara e o ecologista, mas não podemos negar que esse virou um clássico noto que encantou gerações coisa que até então não acontece com uma vida de santo e do ponto de vista cenografico, fotográfico, colorido é simplesmente fantastico Um espetaculo teatral o Francisco ali apresentado pode interessar a todas as pessoas. Porém, muitas coisas não ficam claras, por exemplo, não fica evidente que Cristo e amor por Cristo e de consequencia pelos pobres seja o centro da vida de Francisco. O que une Francisco e Clara é o amor comum de ambos por Jesus Cristo e por vivê-lo de forma concreta. Parece que Jesus Cristo e os pobres são apenas consequencias do processo iniciado. Um Francisco que parece desencarnado das realidades da vida, alheio a fé, não aparece Francisco como um apaixonado por Cristo.Do ponto de vista tecnico pode ser considerado uma obra prima entre os melhores senão melhor de Franco Zeffirelli, do ponto de vista franciscano e dos valores franciscanos decididamente não, falta apresentar valores fundamentais de um Francisco, apaixonado por Jesus Cristo que assume um estilo de vida novo por causa de Jesus e do seu Evangelho, que comprometido com a vida e com os irmãos que não passa despercebido os sofrimentos dos seus irmão, homem verdadeiramente católico e apostólico, filho da Igreja e obediente a Ela, homem prático e do exemplo concreto.
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Homenagem a Monsenhor Luigi Padovese
Essa manhã a Ordem dos Frades Menores Capuchinhos está em luto com grande tristeza no seu coração. Pois recebemos a noticia que Monsenhor Padovese foi colhido de nosso seio. Ainda procuramos administrar a essa triste noticia que nos pegou de surpresa e chocou a maioria de nós, seus confrades e alunos...
Sempre ouvimos falar do perigo de ser cristão num país como a Turquia.... Tantos sacerdotes já tinham sido ameaçados e outros mortos...
No momento não sabemos ainda maiores noticias...
Pedimos que Ele interceda por nós e que o Senhor todo poderoso nos ajuda a perdoar o seu assassino como fazem os cristão e que o seu testemunho e a sua vida ceifada do meio de nós não tenha sido em vão, mas para a causa do Reino.
sábado, 22 de maio de 2010
Frei Leopoldo de Alpandeire, frade esmoleiro : um modelo de santidade capuchinha.
Bibliografia
D’ALATRI M., Fray Leopoldo de Alpandeire o “El testimonio de un pobre evangelico”
PERALBO A., “El sencillo testimonio franciscano del lismonero capuchino muerto en Granada, en 1956”, in L’Osservatore Romano, 17-18 febrero 2003.
Frei Cecilio Maria Cortinovis, um porteiro e esmoleiro a serviço dos pobres.
O pequeno povoado de Nespello que pertence a Costa Serina, em Bergamo, proximo a Milão, Pedro Antonio Cortinovis, que na religião recebeu o nome de Frei Cecilio Maria, um servo de Deus.
Nasceu a 7 de novembro de 1885, filho de Lorenzo Cortinovis e Angela Gherardi foi o sétimo de nove filhos de uma família camponesa. Sendo educado com profunda influência de sua mãe, entre o trabalho duro nos campos e montanhas e um profundo espírito cristão. Com seis anos, o pequeno Antonio ia à igreja com a mãe pela manhã antes de ir para a escola. Seja a igreja que a escola eram longe de sua casa e o menino tinha que fazer uma longa viagem entre os caminhos de montanha. Desde sua infancia alimenta uma espiritualidade Eucaristica na qual crescera por toda a sua vida.
A sua mãe havia indicado o tabernaculo dizendo: “Essa é a casinha de Jesus”. O pequeno Pedro aprendeu bem a lição e na sua vida não quis fazer outra coisa senão aproximar-se cada vez mais de Jesus Eucaristico que alimentara toda a ação apostolica e seu amor pelos pobres e marcara profundamente a sua vida que segundo Ele se pudesse se chamaria Frei Cecilio de Jesus Sacramentado.
No dia 07 de abril de 1896 pela primeira vez recebeu a comunhão e para ele foi uma experiência tão intensa na sua vida. Aquele encontro determinante e decisivo. Seu grande amor a Eucaristia se intensifica tornou-se, o seu centro da sua vida espiritual, se liga definitivamente a Jesus por tanto amor recebido.
Com quatorze anos entra na Ordem Terceira Franciscana. Tinha um comportamento reto que logo se notou a sua decisão pela vida religiosa. Ele passou seus primeiros 22 anos cultivando no coração o seu chamado que ficando cada vez mais forte para se consagrar a Deus, que ninguém conseguiu convence-lo de mudar de idéia a respeito de se tornar um religioso capuchinho, recomendado pelo padre, no dia 22 de abril de 1908 ele deixou a sua casa, e sua família durante o dia e no dia seguinte e chegou Lovere.
Ali no dia 29 de julho de 1908, ele recebeu o hábito capuchinho e foi nomeado como Cecilio Maria, escolhendo ser um irmão leigo. Transcorreu o ano de prova entre penitencias e mortifições e fez a sua profissão religiosa no dia 2 de agosto de 1909.
O dia depois deixou o convento Lovere para Albino, onde foi realizar os serviços de sacristão, sala de jantar, ajudante do enfermeiro e do porteiro.
Fez uma pequena pausa de cinco meses, e depois foi transferido para Cremona com o mesmo cargo, onde permaneceu por mais três meses. Foi transferido definitivamente em 29 de abril de 1910 no convento em Milão, Monforte, onde desenvolveu varios serviços substituindo o porteiro, o sacristão, assumindo o cuidado do refeitorio, ajudante do enfermeiro e aprendendo os diversos serviços obedecendo sempre a todos em espirito de sacrificio.
Em Milão cobre o serviço de ajudante do sacristão e do porteir, enfermeiro e a hospedaria até a metade de novembtro de 1914, quando recebeu o cargo de chefe da sacristia até 1921, nesse primeiro serviço permanecia quase todo o dia na Igreja aprofundando a sua contemplação eucaristica. O seu dia iniciava as quatro da manhã quando praticava sua devoção inclusive a Via Sacra, ajudava a servir quantas missas pudesse preparando os altares com devoção e fazia outros serviços no convento até a noite. Depois do jantar voltava a Igreja para rezar e passava muitas horas na Igreja, a meia noite quando os frades vinham rezar as matinas ele estava ainda ali. Esse ritmo ele manteve quase toda a sua vida. Esse serviço lhe permitia de permanecer muito tempo na igreja para servir as missas e para manter em ordem as alfaias sagradas, tanto para o seu deleite. O tabernáculo tornou-se, como ele escreve em seu diário, o livro de sua verdade.
Em abril de 1914 foi acometido de meningite, que o levou quase a morte, no limiar da vida. Ele teve uma profunda experiência espiritual que o fez experimentar uma iluminação mistica do julgamento misericordioso de Deus, e isto será uma memória viva e repetida em seu diário. Sua recuperação se deve a intercessão do Beato Inocêncio Berzo.
Em julho de 1916 recomeça o seu trabalho de sacristão, mas com a eclosão da Primeira Guerra Mundial, foi convocado para 01 de julho de 1916 e alistou-se no quinto regimento alpino em Tirano, Sondrio.Com grande desgosto tirou o habito de capuchinho e sofreu com a disciplina militar. Em longas caminhadas e exercícios de seu coração não se sustenta e é devolvido ao Milão, a sua grande alegria, pode emitir a Profissão Solene no dia 02 de fevereiro de 1918.
No dia 16 de setembro de 1921 se tornou porteiro do convento e esmoleiro para os pobres. Com a guerra cresceu mais pobres e à porta do convento era seu local de reunião. Fez-se para a portaria e, muitas vezes voluntariamente, e sempre manteve seu trabalho como assistente de sacristão contratado por um irmão, muitas vezes muito duro com ele. Aqui ele refinou sua humildade
Mais tarde ele se tornou sacristão titular desde 1921 e desempenhou o papel de porteiro que desenvolveu até 1970, praticamente uma vida.
Em 05 de julho de 1922, ao amanhecer, enquanto ele estava em sua cela, teve uma experiência mística que marcaram sua vida inteira. Em um instante fez a experiência de Deus e das verdades da fé e viu a posição de todas as almas diante de Deus que estava muito satisfeito da sua presença e do seu trabalho.
Os superiores também estavam muito satisfeitos do seu trabalho, pois através dele influenciava muitas pessoas como influenciou o industrial Marcello Candia, que deixou tudo para se deslocar ao Brasil para servir os leprosos, dizendo que ele aprendeu a servir aos pobres na escola de Frei Cecilio.
Naqueles anos, recorrendo ao sétimo centenário de São Francisco, Frei Cecilio Maria contribuíu para a construção do monumento a S. Francisco em Milão com seu esmolas de porta em porta . A estátua de bronze, criada pelo escultor florentino Domenico Trentacoste, é inspirado na face de Frei Cecilio, que por obediência, teve que servir de modelo ao artista. A obra foi inaugurada no dia 28 de outubro de 1926.
Frei Cecilio queria se tornar um missionário, talvez a serviço do Daniel de Samarate, o irmão sacerdote leproso. Mas sua vida foi uma grande missão no coração do Milão. Com a eclosão da II Guerra Mundial e os bombardeios atingiram o convento em 1942 e 1943. O incrivel é que Frei Cecilio mesmo correndo perigo continua tranquilamente o seu trabalho de ajuda aos pobres. Sua caridade era capaz de falar em favor de muitas famílias pobres, e dos conventos de clausura, além do seu trabalho, ajudou a salvar especialmente os judeus perseguidos.
Com várias estrategias defendeu o convento dos ataques dos alemães, que suspeitavam dos frades, especialmente quando no dia 13 de junho de 1944, o Padre Giannantonio Romallo, confessor de línguas estrangeiras do Duomo de Milano, foi preso e deportado para campos de concentração.
Ele era consultado pelo pelo cardeal Schuster, agora beato, que amava e admirava. Para os pobres tinham algumas concessões por parte do prefeito da cidade para dar-lhes pão, arroz e massas, e ele teve que lutar contra a Prefeitura, quando as permissões foram removidas.
Sempre quis algo melhor para esses pobres, que muitas vezes vinha na chuva gelada e no meio do sol em filas intermináveis. Na sua oração foi interceder a Jesus pelos pobres e foi ouvido. Em 1959, um benfeitor se ofereceu para construir um ambiente acolhedor, o último pedaço de terra que permaneceu no convento. Em 20 de dezembro de 1959 a casa com todas as comodidades,a cozinha, despensa, etc. e 150 assentos, que sera chamada Opera San Francesco, foi solenemente inaugurado pelo Cardeal. João Batista Montini, futuro Paulo VI .
Ali Frei Cecilio deu o melhor de si na sua abundante caridade. Ele serviu até 1979, com dias muito intensos de oração, a trabalhar de manhã cedo até a noite, terminando junto do sacrário, para interceder pelas necessidades da cidade usando assim toda a sua energia.
Desde 1979 foi objeto de frequentes doenças respiratórias e do coração se tornara frágil. Então ele se concentrou sobre o amor espiritual. Uma multidão de pessoas vieram falar-lhe da sua aflição. Ele sempre ao lado de sua Virgem Maria, palavras puras e simples espalhar a paz e a cura e dizer-lhe graças e milagres. Em 19 de outubro de 1982 foi levado a Bergamo na enfermaria dos frades . Outras vezes ele ja esteve na enfermaria mas depois se recuperava, mas essa não era como as outras vezes. Encontrou se ainda com muitas pessoas. Sempre rezando e orando silenciosamente morreu no dia 10 abril de 1984.
Depois do funeral, em Milão, foi enterrado no cemitério mais, mas desde 31 de janeiro de 1989 sepultado na Igreja, junto à sua obra. Ele deixou seu diário espiritual, escrito por ordem de seu confessor, que em parte já publicado, mostra muito bem, mesmo com uma linguagem simples a sua grande alma de apóstolo, enamorado da Eucaristia, um servo dos pobres, e testemunho do carisma franciscano.
A sua fama de santidade levou o cardeal de Milão a iniciar o seu processo de informativo no dia 27 de setembro de 1993, terminou formalmente 10 de abril de 1995. A validade do decreto foi emitido 22 março, 1996. Agora a causa prossegue.
Frei Cecilio é um tipico exemplo de um frade capuchinho viveu a sua santidade em maneira escondida, no silencio contemplativo e na profunda vida de oracao. Seu intenso amor aos pobres que vem atraves da intimidade com o Senhor. Desenvolvendo serviços ordinarios teve por muitas vezes atitudes extraordinarias, mas sempre se mantem humilde e simples, quem le o seu diario percebe são pensamentos simples, mas que fazem refletir para entender a profundidade.
Bibliografia
CARGNONI C., Santità francescana tra impegno educativo e carità sociale: la testimonianza del Beato Giuseppe Tovini e del Servo di Dio Fra Cecilio Maria Cortinovis, in Santità francescana oggi- significato figure formazione, a cura di P. MARTINELLI, Bologna, 2010, 73-83.
FRA CECILIO, In tenera età io ti incontrai, passi scelti dagli scritti spirituali di Fra Cecilio Maria, a cura di V. DE BERNARDI, Milano, 1997
FRA CECILIO MARIA, Nella Luce divina, Riflessione Pensiere Eucaristici Lettere, a cura di T. SCHENONE, Milano,1999.
FRA CECILIO MARIA, Pensieri e Riflessioni raccolte dai Frati Minori Cappuccini di Lombardia, Milano, 2001.
FRA CECILIO MARIA CORTINOVIS DA COSTASERINA, Diario Lettere note spirituali1924-1982, a cura di C. CARGNONI, Roma, 2004.
MERELLI F., Fra Cecilio povero tra i poveri, Milano, 1964.
domingo, 7 de fevereiro de 2010
Um capuchinho apaixonado pela Ordem Franciscana Secular.
“... talvez nenhum sacerdote franciscano tinha amado profundamente como ele a Ordem Terceira e nesse campo era um Mestre insuperável..”[1]
Tantas vezes o exemplo de pessoas que viveram bem a sua vida e vocação nos faz muito bem no sentido que nos ajudam a continuar firmes e confiantes na certeza de que é bela a nossa escolha e não é vão o nosso esforço em nos manter-nos fiéis.
Nascido no dia 31 Agosto de 1897 e batizado a setembro com o nome de Estefano Quadrelli, no pequeno vilarejo de Capezzano no municipio de Pietrasanta filho de Rafael e Cesira Pasquini sendo o tredicesimo filho. A sua familia era muito religiosa e os seus pais devotissimos. Ele teve uma otima educação religiosa foi preparado para o crisma que aconteceu no dia 8 de maio de 1901 e para a primeira comunhão em junho de 1909. Os anos de 1904 a 1906 vai escola e é descrito como um garoto muito sapeca e vivaz. Ajuda os seus pais nas tarefas domesticas principalmente como pastor do rebanho de ovelhas como os outros garotos.
Sentiu a vocação religiosa que era já um desejo de seu falecido pai no dia 18 de outubro de 1909 com apenas doze anos parte para o Colegio Serafico dos Capuchinhos de Arezzo, Provincia Toscana.
Iniciou o seu noviciado no dia 24 de julho de 1913 no eremo de Celle de Cortonae terminado o noviciado emitiu a primeira profissão no dia 25 de julho de 1914, fez um parentesis por causa do serviço militar durnate a primeira guerra mundial.
A profissão solene de 13 de setembro de 1921 a Siena e terminando os seus estudos teológicos foi ordenado em Firenze no dia 17 de março de 1923. Depois do curso de santa Eloquencia inicia o seu apostolado missionário entre as pessoas da zona rural como pregador e recebe como encargo o acompanhamento da Ordem Franciscana Secular, qual será chamado de namorado.
Frei Luiz era muito apaixonado pelos ideais de São Francisco e pela Ordem Terceira. Ele era um excelente pregador e eloquente sempre encontrava um meio para falar de São Francisco. Pode-se dizer que amou tanto a Ordem Terceira a ponto de dizer que se São Francisco não tivesse tido essa inspiração ele teria. No seu trabalho pastoral seja de missionário junto as pessoas na zona rural ele foi encarregado como Assitente Espiritual da Provincia Toscana para a Ordem Terceira a qual dedicou todo o seu impenho.
Seja promovendo cursos, formação e acompanhamento espiritual. Uma vez alguém disse a Frei Luis que os seus olhos brilhavam e ele falava da Ordem Terceira com o mesmo amor com que um namorado fala da namorada, para ele na face da terra não existe outra mulher, mais bonita, mais simpática e mais inteligente. Mas é próprio assim que Frei Luis se dedica a Ordem com o mesmo amor que um namorado a namorada.[2]
Realmente vendo a vida e a dedicação de Frei Luis de Pietrasanta o modo como concebia a sua vocação cristã, consagrada-religiosa - franciscana e sacerdotal. O modo como foi um entusiasta missionário para o povo da zonal rural. O seu enamoramento com a Ordem Terceira subindo e descendo toda a Itália para organizar a Ordem e o amor com que tinha para com os terciários e terciárias cuidando para a sua formação cristã e franciscana e o progresso espiritual. Para isso os cursos e as chamadas bibliotecas franciscanas.
O seu zelo e dedicação pela OFS o levará a ser o fundador da Companhia de Santa Isabel da Hungria, um instituto secular que nasce no seio da Ordem Terceira e para a Ordem Terceira, inspirado na pessoa de Santa Isabel da Hungria e para comemorar o seu sétimo centenário[3], no qual as sorelas deveriam assumir um estilo de vida no mundo, nem freiras e nem monjas, mas sorelas, através do bom exemplo e das obras de caridade e de apostolado principalmente na linha franciscana. Um obra espiritual fecunda que se estendeu até o Brasil sendo chamada por Frei Luis de a pupila dos seus olhos.[4]
Olhando para a realização da vocação desse capuchinho toscano e o seu testemunho reforça em nós o desejo de seguir a cada dia o ideal franciscano com maior entusiasmo e de entregar-se cada cotidianamente com entusiasmo no fervoroso apostolado e no testemunho. Recordar o testemunho de Frei Luis Quadrelli da Pietrasanta o seu impenho e o seu amor pela vocação franciscana pode alimentar a nossa vocação e o desejo de lançar-se destemidamente com maior força ao encontro do nosso ideal de vida.
Frei Emerson Aparecido Rodrigues, Ofmcap.
Bibliografia.
Baldi C., Padre Luigi da Pietrasanta, Firenze, 1974.
Borrello L., Teologia e spiritualità degli istituti secolari, Milano, 2008.
Cavvaterri T., Piccola Compagnia di S. Elisabetta. Profilo Storico, Firenze, 1983.
Fregona A., L’Ordine Francescano Secolare. Storia, legislazione, spiritualità, Padova, 2007.
Costituzioni dell’istituto Secolare Piccola Compagnia di S. Elisabetta, 1984.
sábado, 9 de janeiro de 2010
Os pequenos gestos fazem a diferença.
Só pode entender quem se faz mais simples
Um pequeno gesto faz a diferença
Quero dizer que o mundo começa aqui dentro de nós"
(Padre Fabio de Melo)
Essa frase simples na verdade é uma máxima. Já diria Santa Teresinha do Menino Jesus da Sagrada Face, a santa das pequenas coisas. Lembramos também essa mensagem na vida da Beata Teresa de Calcutá que diz que o importante não é o que fazemos, mas o amor que colocamos naquilo que fazemos. Se nos colocarmos diante de Deus por mais que achamos que fazemos, esse muito sempre será pouco visto que nós somos limitados e Deus é o Amor. Nos somos simples criaturas e Ele o principio e o fim de tudo. Mas o importante é o amor, somente o amor da sentido a nossa vida aos momentos de felicidade e ajuda a entender os sofrimentos. Mas é o amor que dá sentido a tudo. O amor é um gesto concreto. Se não for realizado em concreto não é amor. Um pequeno gesto: um sorriso, um aperto de mão, um abraço, um simples gesto em disposição de encontro ao outro, de acolhida de abertura, que faça notar que para nós o outro existe e é importante. Um pequeno ato que faça notar que nos importamos com outro que estamos profundamente mexidos em direção a ele que não podemos ignora;lo ou viver como se ele não existisse. O amor que deixa de ser palavra e entra na história por que se torna gesto, movimento, se concretiza. Todo movimento realizado terá uma reação seja ela de reciprocidade ou contrária. Esse amor em movimento vai gerando consequencias e desencadeia uma corrente que espera uma resposta. Nos somos chamados a ser o amor de Deus em ação no meio do mundo. Nossos olhos devem refletir o olhar amoroso de Deus. Ele deve falar as pessoas pelas nossas mãos, braços e boca. Todo o nosso ser deve comunicar o amor de Deus. Através desses pequenos gestos que parecem insignificantes estamos fazendo a obra de Deus acontecer e seu amor abraçar o mundo, essas pequenas coisas tão pequenas que parecem nada, mas fazem a diferença. Quando vi essa noticia do Frei Fabiano em um blog, parei justamente para pensar nisso. Esse pequeno gesto de pegar uma criança nos braços que parece banal fez a diferença como podemos ler no texto abaixo, tocou o coração de Paulo Fessel que conta o seu testemunho:
“Eu e Aurea cremos que o Ângelo tem uma luz própria, algo que faz as pessoas sorrirem quando olham para ele. Essa foto é um documento vivo dessa assombrosa sensação. Na missa de natal, esse frade franciscano andava por toda a igreja, abraçando e beijando as crianças que por lá estavam. Ao vir o Ângelo, ele não piscou: pegou-o imediatamente no colo e fez dele seu Menino Jesus para o Natal de 2007, apresentando-o depois a todos os fiéis na igreja, diante do altar. Nem eu nem minha mulher somos religiosos hoje em dia, mas não pudemos deixar de nos emocionar com a cena. A qual, felizmente, pude registrar.”
Oração da Paz que foi atribuida a São Francisco de Assis.
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais
Consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois, é dando que se recebe,
é perdoando que se é perdoado,
e é morrendo que se vive para a vida eterna.
A oração acima é a versão em lingua portuguesa da conhecida popularmente como a Oração da Paz ou Oração de São Francisco. Recentemente um estudo feito por C. Renoux um histórico frances nos revela que a referida oração não é tão antiga como se pensava. Procurando nas familias de manuscritos autenticos de São Francisco essa oração não aparece que são quatro familias: o códice 338 de Assis, a compilação de Avinhon, o grupo da Porciuncula e o grupo do Norte ou provincia de Colonia e existem coleções conservadas em codices do século XIV ou XV das quais é dificil atribuir aos grupos acima mencionados. A publicação mais antiga que ainda não é edição crítica a Editio princeps de Luca Wadding, frade menor recoleto irlandes que aparece em 1623, nela se recolhe vários escritos de São Francisco, bem como homilias, orações, e outros generos não do santo, mas sobre, é uma grande obra composta de 3 volumes intitulada: Beati Patris Francisci Assisiatis opuscula: Nunc primum collecta. Mas a nossa oração da paz não está contida nessa primeira edição dos escritos como também não encontramos nenhum manuscristo antigo. Por isso, consideramos o bastante para descartar que a afirmação que a oração tenha saido da pena do Francisco histórico.
A primeira notícia que temos dessa oração é numa revista chamada La Clochette, que do grupo “Liga da Santa Missa”, sob a direção do Padre Esther Auguste Bouquerel publicada no mês de dezembro de 1912 em Paris, França com o título: “Belle prière à faire pendant la Messe”, cujo texto frances está em nota de pé de página. Essa Liga da Santa Missa tinha como objetivo levar para a Igreja aqueles que não frequentavam, tem uma finalidade de aumentar a devoção, com um impegno de apostolado, mesmo no sentido de uma cruzada. No ano de 1912 nesse jornal que era o boletim informativo da Liga da Santa Missa é publicada a bela oração para recitar durante a missa, sem autor e nem mesmo as iniciais, mas essa não é a unica oração publicada nesse jornal priva de assinatura ou nome do autor outras poesias e orações foram publicadas assim.
O Padre Bouquerel pode ser o possivel autor dessa oração visto que ele redigia sozinho esse jornal e escrevia artigos para diversos outros, escreveu peças de teatro e tantas outras coisas com esse desejo de promover a devoção e impenho eucaristico. A partir de 1914 o jornal se mobiliza para promover ações em favor da paz, promovendo e motivando orações pela paz. O jornal publica matérias com o título como “ A missa e a guerrra” . Em 1918 o Papa Bento XV pede que todos os sacerdotes rezem a missa pelo r etorno da verdadeira fraternidade entre os povos.
No ano de 1915 Stanilas de la Rochethulon encarrega Emanuel Portal de transmitir ao Cardeal Gasparri várias orações pela paz para o Santo Padre por ocasião do ano novo, dizem que o Papa agradeceu e gostou principalmente da oração ao Sagrado Coração de Jesus. Eleito em tempos de guerra Bento XV não fes outra coisa que se empenhar pela paz tanto que a sua primeira enciclica Ad beatissimi Apostolorum, onde convida todos a rezar pela paz . Por motivos politicos o governa Franca proibi e confisca os folhetos com as orações nas saidas das Igrejas e todos os boletins que reproduziam as orações eram proibidos na repartições publicas.
As orações que são apresentadas ao Papa a nossa oração simples com o nome de invocação ao Sagrado Coração é encaminhada ao l’Osservatore Romano e publicada como sendo do Souvenir Normand em janeiro de 1916 foi divulgada em italiano, no mesmo ano o texto foi traduzido outra vez para o frances pelo jornal la Croix , e divulgado novamente. Ainda no 1916 Monsenhor Alexandre Pons pede permissão ao Papa para divulga-la. No ano de 1920, o padre capuchinho Etienne Benoit, assistente da Ordem Terceira de São Francisco de Reims, pega esse texto e manda imprimir no verso de uma imagem de São Franscisco mudando o títula para Oração pela paz., mas até então a oração não está associada como escrito de Francisco. O texto com poucas modificas é divulgado no meio protestante dessa época por J. Rambaud e E. Bach, com o título: Uma bela oração, em seguida se torna a oração oficial dos Cavaleiros da Paz que são os primeiros a atribui-la a São Francisco Em 1023 nasce a Ordem Terceira de Veilleurs, uma espécie de Ordem Terceira inspirada a São Francisco de Assis dentro do protestatismo fundada pelo pastor Wilfred Monod.
Pouco a pouco essa oração percorreu o mundo virando letra de música e se popularizando entre católicos e protestantes e foi rezada por várias pessoas famosas: pelo Papa João Paulo II, no primeiro encontro internacional pela paz , em 1986. , e inclusive parece que foi lido na cerimónia da fundação da ONU em 1945.A beata Madre Teresa de Calcutá rezava todos os dias, inclusive aparece no seu livro de oração, nas orações matutinas e ensinava aos seus colaboradores. O arcebispo de Recife, o brasileiro Dom Hélder Câmara se inspira nessa oração e faz inserir nos seus escritos . O presidente americano Bill Clinton quando em 1995 acolhe o Papa João Paulo segundo fala de São Francisco e faz menção a essa oração. Pelo bispo anglicano no Sul da Africa Desmond Tutu, que é membro de uma associação anglicana muito semelhante a OFS.
Alguns como Padre Willibrord Christian van Dijk, afirmam que essa oração não poderia ser de São Francisco pelo modo como está composta que não expressa um cristocentrismo, não explicita o nome de Jesus nem uma vez, outros porque nas orações autenticas de Francisco não tem pedidos, sempre louvores.Ainda que os textos de Francisco estão permeados de citaçoes das Sagradas Escrituras coisa que essa não contém.
Dois autores dedicaram um livro inteiro a comentar essa oração, seja L. Boff, que Kent Nerburn escreveram ambos um comento sobre essa oração que foram publicados no ano de 1999. Ambos teólogos declaram que a oração é de caráter de universalidade e de atualidade, pois a paz é uma necessidade para os nossos dias.
Para o senso teológico L. Boff porém nos chama atenção para o início da oração inicia com a palavra SENHOR que é o título de respeito que no cristianismo é reservado somente a Deus sendo uma tradução do grego Kyrios, um dos títulos atribuidos pelos cristãos somente a Jesus. Se por um momento analisamos a Oração diante do Crucifixo que está entre as orações compostas por São Francisco, ele está pedindo ao Senhor que o ajude a fazer a Sua vontade, mas ainda sim é um pedido, e podemos notar que aparecem as virtudes teologais, fé, esperança e caridade, tem a contraposição iluminar/trevas: “Sumo, glorioso Deus, Ilumina as trevas do meu coração e dá-me fé direita, esperança certa e caridade perfeita, (bom) senso e conhecimento, Senhor, para que faça teu santo e verdadeiro mandamento.”
No seu livro L. Boff faz uma bela reflexão sobre o sentido de cada palavra colocada nessa oração: paz, amor, perdão, união, fé, verdade, esperança, luz etc. Estabelece uma relação entra a oração pela paz e a consgração ao Coração de Jesus do Papa Leão XIII no 1899. Para a que ele chama de segunda parte busca a fundamentação de cada detalhe dessa oração nos textos do Evangelho como: “Dai, e ser-vos-á dado”(Lc6,38) “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados” (Lc 6,37), “Qualquer que procurar salvar a sua vida, perdê-la-á, e qualquer que a perder, salvá-la-á”(Lc 17,33), “Quem ama a sua vida perdê-la-á, e quem neste mundo odeia a sua vida, guardá-la-á para a vida eterna.” (Jo12,25) e para a terceira parte que seria a conclusão encontra sustento na Admoestações de São Francisco apresenta as virtudes em contraposição aos viciosno seguinte modo : onde tem valor positivo “virtude” não tem valor negativo “vício”. Na Admoestação 27, lemos o mesmo esquema da oração pela paz : “ 1 Onde há caridade e sabedoria, aí não há temor nem ignorância. 2 Onde há paciência e humildade, aí não há ira nem perturbação. 3 Onde há pobreza com alegria, aí não há cobiça nem avareza. 4 Onde há quietude e meditação, aí não há solicitude nem distração. 5 Onde há temor do Senhor guardando a porta, aí o inimigo não acha jeito de entrar. 6 Onde há misericórdia e discrição, aí não há superficialidade nem endurecimento”
Não afirmamos que o autor da oração a tenha composto olhando as Admoestações de São Francisco, mas colocando os textos próximos tem alguma prossimidade. L. Boff nos diz que orações profundas como está tem como autor o Espírito Santo e refletem uma dimensão de universalidade. Por isso, a oração simples e profunda encontra ressonancia no ser humano em todas as partes do mundo e ainda que não tenha saido da caneta de São Francisco de qualquer modo Francisco de Assis e a sua espiritualidade contribuiram para que essa oração existisse e podemos entende-lo como Pai Espiritual dessa oração ou do autor desconhecido que a compos. Fazendo um paralelo, encontramos caso semelhante com o magnifica é conhecido de todos como um canto mariano. Sabemos que não foi Maria que o compos, mas foi colocado na sua boca no Evangelho e não tem quem diga que não expressa a profunda espiritualidade mariana.
A silenciosa batalha interior.
O inimigo mais potente contra o qual lutamos não é um adversário externo, mas nós mesmos. Não é loucura começar uma empresa assim, mas uma necessidade para o crescimento humano-espiritual . Temos que descobrir tudo: a estratégia, os pontos fracos do inimigo, os perigos.
Talvez empregamos muito tempo para perceber as fragilidades, nos iludimos com facilidade, não enxergamos a situação real. Criamos barreiras defensivas e fantasias a respeito de nós mesmos. O “auto-conceito” é egoista, prepotente e auto-suficiente.
Podemos passar toda a vida nos enganando, tendo a necessidade de ser ou de se sentir algo: um título, um cargo, uma máscara, um papel a assumir, ou outras formas que nos distanciam do nosso “verdadeiro eu”. Precisamos dar-nos a importância e sempre colocamos uma proteção. Decidir-se por travar essa luta é para aqueles que chegaram ao ponto de não suportar viver de aparências. Sentem a necessidade de mergulhar mais profundo.
Em tempos de pós-modernidade e afirmação do “eu” pode parecer loucura uma proposta simile. O caminho para a libertação é alcançado por meio da reflexão meditada, um profundo exame de consciência e tomada de posição. Somos nós mesmos ou reproduzimos comportamento ditados pelas tendências da moda e mass media. Sentimos necessidade de elevar-nos, exaltar-nos? Temos uma vontade constante de ser, ter e poder será esse o nosso “verdadeiro eu“?
O zen budismo não propõe destruir o “eu”, mas o “falso eu”, com seus mecanismos: defesa e camuflagem. Para libertar o “verdadeiro eu” assumimos a verdade das coisas, vencendo a barreira das ilusões que distanciam do verdadeiro sentido criando uma abertura universal de comunhão com os outros, com o cosmos e com a divindade.
Os místicos cristão praticaram esse aniquilamento do “falso eu”, para emergir-se no Absoluto. Podemos citar: João da Cruz , Teresa de Jesus, ou Francisco de Assis que humildemente seguindo o Cristo crucificado consegue reconhecer que a auto-imagem, e os títulos são somente para disfarçar nossa fraqueza e nós fazer pseu-potentes, são máscaras que nos distanciam de nós mesmos, de Deus e dos outros.
Clara de Assis escreve que a luta do nú contra o vestido é injusta, quem está nú não pode ser agarrado, quem está vestido e pode ser facilmente preso e derrubado. Não perde nada quem está consciente da sua pequenez existencial diante de Deus. Estar por terra, se fazer o menor, ter consciência de ser de barro, é não pode ser diminuido ou desclassificado. O homem é aquilo que é diante de Deus e nada pode se acrescentado, por isso não tem a necessidade de defender status, a sua posição social, ou idéias.
Uma pessoa com essa humildade já não se defende de acusações alheias, não lhe interessa uma boa imagem. Está centrada na busca da verdade de sí mesmo não se deixa entreter por essas armadilhas do “falso eu” , na linguagem bíblico-ascético: não se deixa enganar pelas vaidades.
O exercício de desvelar-se camada por camada para atingir o “verdadeiro eu” è um processo doloroso, mas profundamente libertador.
Essa guerra contra a idolatria enfrenta o mais poderoso dos ídolos que já existiu: o nosso “eu divinizado” um monstro construido, resultado de todas as fantasias da imagem fabricada e dos desejos egoistas.
A capacidade de compreender a função da luta contra o “falso eu” que nos ajuda a aproximar-nos da verdade, não é a negação de sí como muitos pensam, mas a libertação de tudo que não é o nosso “verdadeiro eu”. A batalha interior é o único caminho para a libertação das amarras que nos privam do verdadeiro encontro.
Maria Madalena aquela que testemunhou a Ressurreição.
Estamos nos aproximando da vigília pascal para os cristãos é tempo de mergulhar profundamente no mistério de Deus revelado em Jesus Cristo. A liturgia nos oferece a oportunidade privilegiada de reviver entrando no mistério da Salvação.
Não é apenas a narração do que aconteceu ha tempos atrás, mas é a oportunidade de participar nesse exato momento a história da Salvação operada por Jesus Cristo acontecendo. Nos relatos da Ressurreição no Evangelho de João tem uma personagem que sempre chamou atençãom chama-se Maria Madalena encontra-se entre as mulheres que seguiam Jesus.
A partir do momento que ela tem o seu encontro com o Senhor não consegue mais se distanciar dele. Ela o segue no seu ministério, entregando-se de coração ao Senhor e ao seu projeto do Reino. Seu seguimento do Mestre é incondicional ela vive o anúncio da Palavra na intimidade com o Senhor.
No momento em que Jesus é condenado a morte, ou como chama João da sua glorificação, se fala que todos os apostólos fugiram, porém na cena tratada no relato evangélico encontramos aos pés da Cruz: Maria, mãe de Jesus, João e Maria Madalena. Quando o mestre tinha sido abandonado por quase todos, até mesmo os seus amigos mais próximos, Maria não o abandona. Pedro no momento de perseguição até mesma nega o Senhor, ainda que se arrepende depois, mas Madalena, não.
Maria aparece de novo entre aqueles que vão ao túmulo no domingo de manhã. Ela está sofrendo com a falta do seu mestre que foi tirado injustamente. Encontra o túmulo vazio e imediatamente corre avisar os discipulos que a pedra foi retirada. Se preocupa depois quando percebe que o corpo não está ali. Maria não para de chorar é consolada pelos anjos. Jesus aparece e pergunta: mulher porque chora? No primeiro ela não reconhece e conta que chora por não saber onde está o Senhor. Jesus então chama pelo nome: Maria ! Ela reconhece o seu mestre. Ele a envia a anunciar aos outros que Ele Ressuscitou. Ela imediatamente correu a anunciar.
Percebemos a profundidade do relacionamento mestre-discipula. No relacionamento ao sentir a voz se reconhece. A primeira a ver Jesus Ressuscitado é uma mulher que a partir desse momento se torna missionária.
Durante muito tempo na Igreja por influência das homilias madalênicas do Papa Gregório Magno(591), que identificou a pecadora pública do Evangelho com Maria Madalena. Durante muito tempo a iconografia oriental representou Maria como a adultera. Embora, graças a exegese seja católica que reformada, essa interpretação de Madalena como prostituta, não é aceita ainda temos resquicios remanescente dessa interpretação na tradição popular. Com o filme Códice Da Vinci, essas e outras polêmicas sobre esse personagem vieram a tona .
Sobretudo, Maria Madalena é para todos os cristãos um modelo de discipulado fiel, atento ao mestre e de um relacionamento profundo com o Senhor. Uma testemunha da Ressurreição do Senhor que se torna missionária do Reino. Um modelo para os homens e mulheres cristão de vida missionária, de amor a Jesus e anuncio continuo da Palavra de Deus por palavras e gestos.
Existe uma espiritualidade do corpo?
Podemos dizer que surgiram essas e muitas outras perguntas complexas. Sobre as quais as respostas estamos longe de tê-las.
Com todas essas mudanças o modo de se relacionar com o Divino também mudou. A vida consagrada mudou atualizando a sua presença no mundo. A Igreja teve que abrir as janelas para o mundo tão atual é o Concílio Vaticano II.
A espiritualidade também coloca a suas perguntas. Como ajudar o ser humano a trabalhar a sua dimensão espiritual? Quando uso esse termo não estou me referindo a uma escola de espiritualidade, e nem mesmo no sentido confessional, mas a relação do ser humano com o sagrado. Por exemplo, é muito atual a obra de Wassily Kandinsky, chamada “O Espiritual na arte”, onde o artista faz uma proposta justamente da arte como um sacerdócio onde o artista partindo da sua necessidade interior deve comunicar os valores. Kandisky podemos dizer que estava influenciado pelo Espiríto hegeliano, quando chama atenção para uma nova era, onde essa arte nova, trouxesse essa “boa nova”, na verdade, esse tempo não chegou, mas suas idéias são válidas no sentido que considera a arte como uma expressão do sagrado e o compromisso do artista com a beleza a partir da necessidade interior.
Uma resposta cristã entre tantas outras: a Carta do Papa João Paulo II aos artistas, è tão atual, onde o santo Padre convida os artistas e os anima nesse mesmo sentido de mostrar ao mundo a beleza a usar a sua arte a serviço de Deus. Podemos colocar a pergunta porque um Papa se dirigi aos artistas dessa maneira a ponto de escrever uma carta de denso conteúdo teológico, onde condivide com os artistas essa necessidade. Aqui não discuto os valores clássicos, segnalados no texto: o bom, o belo e o verdadeiro.
Colocado esses pressupostos passamos a discussão sobre a espiritualidade e ascética. Na espiritualidade sempre esteve presente uma tendência a espiritualizar-se, ou podemos chamá-lo de um “espiritualismo”. Onde na maioria das vezes o lugar do corpo era de ser castigado, domado ou seja, apenas ignorado. Por mais que falemos de uma unidade do ser humano, não somos coerentes porque dividimos as atividades espirituais e as corporais, sempre estamos nessa cisão dicotômica. Muitas vezes fazemos menção ao corpo, mas tudo que se refere ao corpo consideramos perigoso. No terreno do corporal estão as tentações. Hoje na vida religiosa não usamos mais a famosa disciplina e outras práticas ascéticas porém a nossa mente está condicionada a dividir as coisas nesses dois campos.
Porém o corpo ainda continua a ser reprimido a ter que assumir padrões de comportamento que o limitam, que podam o seu natural, a sua expressão graciosamente original. Acabamos condicionando o nosso corpo a corresponder padrões de comportamentos esteriotipados muitas vezes nos fazem pagar esse preço da repressão dos sentimentos e da nossa espontaneidade. O corpo perde a sua espiritualidade. Os seus movimentos profundos, dotados da graça natural.
Uma das respostas a essa pergunta vêm não do campo da espiritualidade, mas da psicoterapia. O terapeuta Alexander Lowen, que se interessou pela espiritualidade do corpo. Lembrando que o conceito de espiritualidade aqui não é no sentido confessional, mas se define por espiritualidade a dimensão transcendente do ser humano esse ligação com o Deus e com a criação , todo o universo. Abordagem da análise bioenergética leva em consideração coisas simples do nosso cotidiano, é um dos pontos principais é a respiração.
O professor Lowen em seu trabalho começou a observar que somente tratar as pessoas a nível mental, ajudadava mas não contribuia muito para a resolução do problema. Após seus estudos conhecendo as teorias de Wilhelm Reich, ele chega a conclusão que os traumas, as armaduras, e os bloqueios estão no corpo, e não adiantaria nada simplesmente uma terapia a nível mental sem tocar o foco do problema, o corpo. O nosso corpo funciona como uma página onde toda a nossa história está escrita, e tudo mesmo aquilo que não aceitamos está registrado, nada passa desapercebido, não nós damos conta mas está alí presente. Mas nós podemos tomar consciência de nós, de nosso, corpo e trabalhar os nossos traumas.
Podemos escolher como viver de maneira plena a nossa vida. Na sua obra “Il piacere – un approccio creativo alla vita” título esse, que entendo livremente como : O prazer um modo criativo de viver a vida “il piacere è un modo di essere” . Acho importante pontuar o que se entende com a palavra prazer, me dou conta dos significados perigosos da mesma e das diversidades de interpratação. Porém o uso da palavra prazer, para indicar uma maneira gostosa de viver a vida e a as coisas simples, não é um hedonismo exacerbado como pode dar a impressão, mas simplesmente encontrar o gosto da vida nas tarefas simples. O prazer como vem proposto do autor está ligado a criatividade .Nos propõe de descobrir o prazer nas coisas, como por exemplo limpar a casa, ou cuidar do jardim. É sem dúvida uma opção que podemos fazer, decobrir o gosto das coisas...
A discípula amada: primeira testemunha da Ressurreição.
Existem personagens que marcam nossas vidas. Nos emocionamos com muitas historias bíblicas personagens, vida de santos. E a compreensão que temos desses personagens muitas vezes permanece a da catequese da primeira eucaristia sem aprofundarmos.Quando as pessoas recebem outras informações, ao invés de aprofundarem seus conhecimentos querem afirmar como verdade ultima e essencial àqueles conteúdos apreendidos no passado sem atualizá-los a luz dos novos dados.Comigo não poderia ser diferente dos outros, ouvi a vida inteira sobre Maria Madalena como a pecadora arrependida a quem Jesus concedeu o perdão, e muitas vezes na catequese ou na homilia dos padres ouvi se referirem a ela como prostituta, e sempre evocada a figura com uma conotação moralista, de pecado e pecado relacionado ao sexo. Mas com o tempo fui crescendo e já não podia mais me alimentar só de leite materno era preciso comer algo sólido. Na minha caminhada na fé aconteceu a mesma coisa.
E retornei ao jardim de infância para relembrar vários personagens da minha época de catequese: o Jesus que conheci, Maria, mãe de Jesus companheira de todos os momentos, os apóstolos, me recordo com carinho de cada um deles, e Maria Madalena, por quem tive sempre muita admiração. Senti a necessidade de me debruçar sobre essa figura do Evangelho e conhecê-la melhor e descobri uma outra Maria Madalena que não é conhecida. A fiel testemunha de Jesus, a companheira de caminhada, a discípula, a grande apostola que com o caminhar da história foi desacreditada e vinculada a “mulher pega em adultério” que não é nomeada no evangelho segundo João 8,1-7, colocada como “prostituta”. Primeiro acho necessário discernir entre “prostituta” que se vende como forma de ganhar a vida, tornando-se assim uma profissão. A atual linguagem pede que nos façamos referencias a essas pessoas, não como prostitutas, mas como “prostituídas” uma situação sócio-politico-economica a levou a essa forma de sobrevivência.
Compreendendo os termos: prostituta/prostituída, partimos para adultera, alguém já comprometida em casamento a alguém que por um motivo ou outro se faz infiel a esse compromisso. A mulher que vai a julgamento no evangelho de João não tem como ser vinculada a Maria Madalena não tem nome, é absurda essa vinculação. Mas agora falemos um pouco de Maria, que para mim é uma personagem importante que aponta com coragem o seguimento do Mestre, seu compromisso com Ele, com seu estilo de vida e projeto.
Tendo presente a celebração da Ressurreição do Senhor, os relatos do Evangelho de João nos colocam a experiência de Maria bem próxima do Senhor, tanto na cruz: “A mãe de Jesus, a irmã da mãe dele, Maria de Cléofas, e Maria Madalena estavam junto a cruz” durante o sepultamento,”Maria tinha ficado fora, chorando junto ao túmulo” e Ela reconhece o Senhor ressuscitado: “Mestre” e anuncia aos discípulos: “Eu vi o senhor. E contou o que Jesus tinha dito” Por isso, celebrando a Ressurreição do Senhor e vivendo este momento de intimidade com Ele, para nós que procuramos seguí-lo de perto, a oportunidade privilegiada para fazer o caminho, viver, morrer e ressuscitar com Ele. A contribuição de quem conviveu e seguiu bem de perto o Senhor pode nos ajudar a estar nessa presença do Ressuscitado. O testemunho dessa “discípula amada”, que conviveu com Jesus, partilhou de sua proposta, se sentiu tocada pelo mestre e não mais o abandonou.
Maria se colocou a fazer o caminho do discípulo e da discípula, deixou-se amar e ser amada por Ele compartilhou sua vida e jamais se apartou dele. Seu testemunho se coloca para nós cristãos e cristãs como o paradigma do discípulo e da discípula que se compromete com o mestre e com a proposta de vida nova. Ela é o modelo de seguidora de Jesus.
Mas durante a história algumas visões preconceituosas construíram uma figura errônea desta testemunha da Ressurreição, mulher, discípula, fiel ao seu mestre aos seus ensinamentos e com certeza forte liderança no ambiente das primeiras comunidades cristãs.
Recentes estudos nos ajudam a conhecer um pouco mais sobre essa liderança das primeiras comunidades. Em primeiro lugar é preciso quebrar os preconceitos em relação a esta figura feminina. Madalena não é a prostituta, nem a pecadora que se arrependeu.
Conhecendo um pouco mais sobre Maria “Miriam de Mágdala” é sabido que na cultura judaica o nome ajuda a elucidar a identidade das pessoas e em alguns casos designam a missão da pessoa. No caso de Míriam, que quer dizer amada de Deus, ou neste caso a amada do Mestre Jesus.
No Evangelho de Felipe se diz: “O Senhor amava Maria mais que todos os discípulos, e a beijava na boca freqüentemente. Os outros discípulos viram-no amando a Maria e lhe disseram: Por que a amas mais que a todos nós? O salvador respondeu dizendo: Como é possível que eu não vos ame tanto quanto ela?” “Mágdala deriva do hebraico midgal, que quer dizer Torre. Maria é ,portanto, a mulher da Torre, a guardiã, aquela que guarda os mandamentos de Jesus”
Outras fontes revelam também que Maria é mulher autônoma. Pois seu nome não está relacionado a um parente masculino: pai, irmão, etc.Mas ela tem rosto próprio e o que a designa é o nome de sua região de origem. Isso nos mostra que ela é uma mulher independente que segue Jesus . Maria é citada nos Evangelhos canônicos doze vezes.Em Marcos, Madalena é mencionada juntamente com as mulheres que seguiam Jesus e o serviam desde quando estava na Galiléia: “Entre elas estavam Maria Madalena, Maria mãe de Tiago, o menor e de Joset e Salomé.” Essas mulheres também são qualificadas como as discípulas. Na lista de mulheres que seguiam Jesus sempre Maria Madalena é citada por primeira, o que sugere liderança. Podemos ver isso também nas cenas da Crucificação e da Ressurreição . Ficaram olhando onde Jesus tinha sido colocado . Quando passou o sábado compraram perfumes para ungir o corpo de Jesus Depois de ressuscitar Jesus apareceu a Maria Madalena da qual havia tirado sete demônios. Ela foi anunciar isso aos seguidores de Cristo que estavam de luto e chorando .
Segundo os critérios de Atos 1, 21-25, Maria recebe autoridade de “testemunha da Ressurreição” e “apóstola”. A apóstola Maria Madalena a partir do momento que conhece o Senhor e resolve tomar o caminho do discipulado não se aparta mais dele. Ela percorreu o caminho da Galiléia para Jerusalém. Na cena da crucificação, mesmo correndo o risco de ser presa pelos romanos ou até crucificada ela se manteve acompanhando o Mestre na cruz. Foi ao túmulo homenagear o Jesus, ungir o seu cadáver e recebeu o encargo de anunciar sua Ressurreição. Lucas também menciona o fato de Maria ser curada de sete demônios e como anunciadora da Ressurreição e provavelmente está presente entre as mulheres das comunidades primitivas em Jerusalém “Os quatro Evangelhos mostram claramente essa imagem, mas a ela se opõe a afirmação de Paulo em 1 Cor15,3s sobre as testemunhas da Ressurreição” Quando Paulo fala da aparição do Ressuscitado, menciona aos apóstolos, a comunidade reunida e depois a si próprio, legitimando seu título de apóstolo, mas não menciona o testemunho das mulheres.
Na tradição as coisas vão se misturando e aos poucos e tornando se nebulosas e a apóstola, discípula fiel do mestre vai se aproximando ou transformando na pecadora redimida ou na adúltera da tradição. “A partir do século IV podem –se comprovar tentativas de Cassiano e Ambrósio, padres da Igreja latina, para fazer da “apostola de todos os apóstolos”, como às vezes ela ainda é chamada até à Alta Idade Média , um ser sexual de uma espécie particular: a grande pecadora que em Lucas 17, 36s unge Jesus foi posta em conexão com Maria Madalena(...) Com isto a doença da primeira apostola passou a ser entendida como sendo desregramento sexual” A leitura feita sobre a personagem Maria Madalena é de forma moralizante e sua condição existencial de mulher seguidora do Cristo vai se mesclando com o pecado sexual e prostituição. Temos duas leituras a Madalena Apóstola e a Madalena Arrependida que se identifica com a prostituta da Tradição. Mas com Gregório I passamos a ter uma única leitura dessa personagem que se torna a oficial, a Madalena Prostituta. “Com a difusão das homilias madalênicas do Papa Gregório I, essa imagem passou a ser única e obrigatória”
Durante séculos essa leitura é a que prevalece, que se populariza e fixa no inconsciente católico e de certa maneira perdura até hoje. É necessário fazer justiça histórica para com essa testemunha tão importante! No andar da carruagem o Concilio Vaticano II com suas várias mudanças, atualizações e ajustes, joga um pouco de luz sobre essa personagem: “O Concilio Vaticano II dá alguns primeiros passos na perspectiva de desligar estas duas imagens. A festa patronal de Maria Madalena torna-se independente e são trocadas as leituras fixadas para ela... No entanto, continua ocorrendo algo de curioso: a grande maioria dos pregadores, embora acabem de ler um texto evangélico no qual se mostra Miriam de Mágdala como a primeira testemunha da Ressurreição, pregam em seguida a história da prostituta arrependida. Nota-se que esta é uma imagem que atrai mais os homens que a de uma líder eclesial influente”
Chamo atenção para a beleza do relacionamento entre mestre e discípula, Jeshuá e Míriam. Está presente o modelo cristão de cumplicidade, relacionalidade entre os gêneros, troca, partilha e crescimento entre homem e mulher em pé de igualdade e respeito recíproco. Adotamos como modelo de solidariedade: Maria mãe e Jesus que são unidos por laços biológicos, com certeza, um relacionamento profundo, também é interessante percebermos os laços de amizade entre Jesus e Madalena e a solidariedade entre ambos. Eles expõem o protótipo cristão de relacionalidade de gênero.
Somos convidados a perceber essa discípula que vive a intimidade com o Senhor na experiência pré, pascal e pós. Como é bonita e nos nutre no seguimento a cena colocada em João 20,1-18. Maria atenta aos acontecimentos vai ainda escuro ao túmulo. Ela vê que a pedra que fechava o túmulo foi rolada. Corre apressada e comunica a Pedro e ao outro discípulo que o corpo do Mestre não está mais lá. Fica inquieta, por não saber onde está. Vai com os dois discípulos e fica chorando do lado de fora do túmulo, não se conforma, já o tinham feito sofrer de mais, mataram-no e ainda roubam o corpo. Maria é interpelada pelos anjos aos quais responde que esta assim por não achar o corpo do Senhor. Vira-se e vê o mestre, mas não reconhece, Ele pergunta: Quem procuras? Ela sem reconhecê-lo ainda pergunta se foi ele que levou o corpo. Quando ouve o Mestre pronunciar seu nome: Maria! Ela responde: Mestre! Mas Jesus disse: Não me prenda, vai comunicar aos irmãos. Vou ao Pai que é o Pai de vocês. Recebendo esse mandato e dando se conta de que presenciará a vida pulsar, o Ressuscitado. Maria partiu e anunciou aos discípulos: “Eu vi o Senhor” “A missão de Maria Madalena como testemunha e mensageira da verdadeira fé era única no contexto do que hoje poderia parecer um período igualmente único da florescente comunidade cristã. Aparece como a primeira e imediatamente, a mais importante das mulheres em torno de Cristo. Na geração posterior à ressurreição surpreendente descobrir a magnitude da importância de alguns dos papéis que as mulheres desempenharam” Nada mais justo que se faça presente no momento da Ressurreição, quem caminhou com Jesus toda a sua missão, nos momentos difíceis da cruz.“Maria Madalena na sua experiência de vida, experimenta o fascínio e o tremor na relação com o Próprio Jesus. Discípula desde a Galiléia, ela acompanha Jesus. Enfrenta junto com as outras mulheres a dura experiência da morte violenta a que submeteram Jesus. Ela aguarda a Ressurreição, a continuidade da vida e do processo instaurado por Jesus”
Precisamos resgatar muitos valores das primeiras comunidades que parecem estar adormecidos. A radicalidade do seguimento de Cristo. A opção de vida vivenciada e o fervor com que aderiram a esta proposta de vida apresentada por Jesus. Essa mulher que aderiu incondicionalmente ao Mestre tem muito a dizer aos cristãos, homens e mulheres do século XXI. A sua postura pode nos ajudar a nos aproximarmos do mestre e colocarmos em prática suas palavras. Abrir-se cada vez mais ao sopro do Espírito e caminhar com o Ressuscitado gerando a Ressurreição e vida. Uma comunidade que escuta essa apóstola amada do mestre e que testemunhou sua Ressurreição. Somente assim: “A Igreja só poderá ser uma comunidade de mulheres independentes e de homens maduros onde Maria Madalena vier a ser redescoberta em sua importância neotestamentaria”