quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

O Natal vivido por Francisco e Clara de Assis.




Encontramos nas fontes franciscanas em Tomas de Celano na sua primeira vida de São Francisco, no capitulo 30, nos números: 84,85,86 e 87[1]nos narra sobre o acontecimento do Natal de Greccio. Fato esse que ficou conhecido até hoje, muitos falam da primeira pessoa que teve a inspiração de preparar um presépio. Porém, mas do que o fato de ser Francisco de Assis o primeiro a montar um presépio vivo é interessante entender a sua motivação para fazê-lo.
Penso que este texto nos ajuda a resgatar o jeito franciscano de celebrar não somente o Natal, mas o mistério de Deus cada dia da nossa vida. Primeiro o texto nos deixa claro a motivação de Francisco, vivenciar o Evangelho, a vida de Cristo, se esforçava porque a sua maior aspiração era essa. Ele procurava a cada minuto da sua vida estar unido, vivenciando com Jesus a sua vida, a sua paixão, e a sua encarnação, com essa motivação de por tudo e em tudo seguir os “passos de Nosso Senhor Jesus Cristo no seguimento de sua doutrina”[2].
Nesse seu desejo de estar sempre unido ao Cristo e algum modo próximo do que Ele viveu, o pobre de Assis, manda o seu amigo João preparar, fazer as preparações para celebrar o Natal do Senhor. Hoje os nossos presépios são bonitos, com luzes e tantos adornos. Nossa Senhora parece uma rainha, descaracterizada do seu jeito próprio de ser, o menino Jesus quase some no meio dos enfeites sem falar nos outros detalhes. Mas na verdade mascaramos Deus, enfeitamos Deus e tentamos torná-lo a nossa imagem e semelhança. Diferente de Francisco, que quer estar proximo da fragilidade e da pobreza que Deus Encarnado experimentou a falta até do necessário. O amor nasceu, o Verbo de Deus vem nos encontrar assim , como um menino pobre, na mais completa pobreza de um estábulo, em meio aos animais. A pobreza e a simplicidade de Deus nos agride porque não somos capazes de ser transparentes como Ele. Por isso, tentamos adorná-lo com a desculpa que è porque Deus merece. Porém na verdade é para esconder nosso medo de assumir pobreza criatural nossa. Francisco ao invés para se assemelhar e aproximar de Jesus o faz.
Francisco fez com que: “Grécio tornou-se uma nova Belém, honrando a simplicidade, louvando a pobreza e recomendando a humildade.”[3]
Quando colocamos Deus na nossa vida como Ele realmente è as coisas mais simples se tornam importantes, se assumimos a nossa pobreza criatural, e a nossa pequenes. Podemos fazer do nosso dia a dia e os momentos mais corriqueiros da nossa vidase tornarem ponto de encontro com o mistério de Deus. A solenidade está no valor que damos as coisas. Belém pode acontecer na nossa vida todos os dias quando nos abrimos ao acolhimento de Deus menino, do Verbo encarnado em todas as dimensões da nossa vida. Cada momento pode se tornar um momento da Encarnação. O menino Jesus, o “Rei pobre” vem a nos todos os dias silenciosamente.
Outro dado “A noite ficou iluminada como o dia”[4], quando capitamos o mistério de Deus na nossa vida tudo se ilumina, nós nos iluminamos e irradiamos luz por onde passamos, se contemplamos a graça de Deus, não tem como o nosso semblante não ser iluminado e não fazer notar essa luz e alegria.
A visão do menino Jesus, tão pequeno, tão simples e tão frágil. Deus se apresenta como um menino. Nessa simplicidade nos ensina como devemos fazer para sermos seres humanos melhores, pessoas que se envolvem no mistério de Deus. Se apresentando como um menino Deus nos coloca em xeque mate e cai por terra todas as nossas aspirações, de fama, prestigio, cargos, titulos e poder.Os fioretti, ou como traduzimos em portugues “ as florzinhas” de São Francisco no seu capitulo 35, fala que Santa Clara estando muito doente e não podendo ir a Igreja de São Francisco com as outras Irmãs, recebeu a graça de Cristo e foi transportada para a Igreja onde recebeu a comunhão e participou da solenidade. Quando as Irmãs vem contar o que aconteceu na Igreja, santa Clara diz: “ Eu presto graças e louvores a nosso Senhor Jesus Cristo bendito, minhas irmãs e filhas queridas, pois estive presente a toda a solenidade desta noite, até maior da que vós tivestes, com muita consolação da minha alma.”[5] Devido ao fato dessa visão em 1958 o Papa Pio, XII a declarou "celeste padroeira da TV”. Mas Clara em um das suas cartas a Santa Ines, fala sobre o espelho que Jesus Cristo e aconselha Ines a observar esse espelho e descreve o espelho em três partes da qual a primeira o principio do espelho ela faz notar “a póbreza daquele que, envolto em panos, foi posto no presépio! Admirável humildade, estupenda pobreza! O Rei dos anjos repousa numa manjedoura.”[6]
Por esses fatos da vida desses dois grandes santos nós podemos perceber o seu esforço em viver uma vida com Jesus na sua globalidade. Cada momento ´uma oportunidade para estar com Jesus, para vivenciá-lo e testemunhá-lo. Para os dois viverJesus Cristo na globalidade da sua vida è um projeto um caminho a construir, que tem seu ponto de partida no nascimento na contemplação e vivencia do mistéio da Encarnação. Oremos ao Senhor para que possamos como Francisco e Clara quando montamos nosso presépio aprofundarmos nosso desejo de viver imerso no mistério do Senhor, que nossa motivação seja segui-lo onde quer que Ele vá. Feliz Natal!





[1] Não citarei as pagina, pois uso a versão do site de internet http://www.procasp.org.br/, tradução feita por Frei José Carlos Correia Pedroso.
[2] N.84, v1.
[3] N.85,v5.
[4] N.85,v.6.
[5] I Fioretti cap.35.
[6] 4CtIn 19-23.

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