Tua mente é um santuário inviolável!
Ninguém, nem teus pais, nem teus irmãos, nem teu melhor amigo e confidente podem forçar-te a descobri-la, caso não queiras.
Se existe uma liberdade, esta é a tua liberdade.
Se decides pois, por razões que são tuas, deixar que apenas Deus conheça certas coisas que te magoaram e ainda te magoam, contar apenas em parte aquilo que “ realmente se passou contigo, buscar auxilio, mas exigir o direito de não contar tudo, e zelosamente guardar certos detalhes que não queres e achas que não deves contar nem ao amigo que mais te ama ou pelo qual darias a vida, se preciso fosse, é teu direito, porque tua mente é inviolável e tens direito aos teus segredos.
Erres, peques, cometas a maior das asneiras, tragas no peito um peso que sufoca e algumas lembranças que certos dias te perseguem ainda assim, se não queres abrir de todo o coração, o direito é seu..
Um amigo poderia pedir e suplicar com lagrimas que abrisses o jogo e contasses tudo, mas só poderia pedir, exigir nunca. Se o fizesse, deixaria de ser amigo, porque amigo respeita o segredo que não queres e não vais contar.
Se um dia, porém, tomares suficiente amor e confiança, junto a certeza de que não serias vítima de traição se contasses, e quiseres desabafar entretanto nos mínimos detalhes de tudo aquilo que agora te machuca, vê bem, escolhe bem o amigo.
Procura aquele que sempre acreditou em ti, que jamais se escandalizou com nada do que ouviu, que chorou contigo, que ficou ao teu lado, não importa o que tenhas feito e que quando percebeu que te cansavas, até se afastou e calou para não ferir o teu direito de curtir as tuas próprias dores e segredos,
Procura aquele que nunca te forçou ao que não querias, que te pediu e quando ganhou não exagerou, que quando não ganhou compreendeu, e que quando magoado deu volta por cima e continuou fiel, como um cão de caça ou um viralata que ama e é agradecido.
Procura um amigo que teve a coragem de te corrigir, de te dizer que estavas no erra, de te prevenir aonde acabarias, de não apontar o dedo em riste quando erraste, de manter a mesma ternura no olhar quando outros te censuravam.
Procura um amigo que nunca demonstrou ciúme, que vibra de felicidade quando te vias feliz com outros, que fazia de tudo para que tivesses outros amigos, que alertava quando previa o perigo, mas que nunca interferiu em nenhuma das tuas amizades.
Procura, enfim, um amigo que, mais do que amigo, foi irmão.
Se achares perto, peça licença e conte tudo.
Se estiver longe, chame-o que ele virá.
Se o tiveres mandado embora, peça uma chance que ele a dará.
Se tiveres um amigo que jamais violou o santuário de tua consciência e mesmo sabendo mais doq que imaginavas, nunca exigiu que dissesses aquilo que não querias, num dia qualquer de ternura, dá-lhe um abraço ou um beijo sem razão qualquer e sem nenhuma palavra de explicação.
E caso ele fique embasbacado sem entender porque, não digas nada.
O santuário inviolável de tua mente saberá porque.
Ninguém tem maior amor que aquele que da a vida pelos seus amigos.
Ninguém tem maior amor do que aquele que respeita os direitos de um amigo.
E só merece o nome de amigo, aquele que jamais forçou tua consciência, porque te aceitava como validade e não como projeto ou imagem.
Amigo, enfim, é aquele que gostou de ti por seres, simplesmente por seres.
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