segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

Resgatando a Espiritualidade Natalina.



Nós sabemos que passados muitos anos alguns gestos e comemorações "não­atualizados" em nossa vida perdem o sentido ou não expressam a intencionalidade original.

Assim pode acontecer com os sacramentos, com valores essenciais para a vida da Igreja. Precisamos voltar as origens e perceber a mensagem central e reviver, celebrar com criatividade, experienciar algo vivo, que de fato transmita a riqueza do mistério que deve ser celebrado.

Como acontece com muitas celebrações, também com o Natal que continuamos celebrando, ao invés de nos aproximarmos nos afastamos. Hoje as catedrais coloridas são os shoping centers. Todas as datas comemorativas são usadas para criar necessidade nas pessoas, comercializar e criar ocasião para consumir, com único objetivo: vender coisas. Nada é perdoado, dia dos pais, das mães, da criança, da secretária, da empregada domestica, ação de graças, páscoa, e até o Natal. O bom velhinho, Papai Noel que antes tentava resgatar o espírito de solidariedade, não passa de um fantoche maquiavélico da empresa do consumo.

O menino de Belém está tão adornado por enfeites, guirlandas e outros ornamentos que não se percebe a sua importância é mais um ornamento como os outros. Maria, José e os pastores estão entre os outros objetos que abarrotam o presépio.

Quando São Francisco na noite de Greccio tem a inspiração de montar um presépio vivo, com os animais, os pais e o menino, com certeza ele tem em mente reviver a beleza do mistério da Encarnação. Tenta dizer aos contemporâneos seus a grandeza da mensagem contida nesse menino pobre que nasce em Belém. Deus que vem até nós. Toma nossa carne, nossa expressão. Deus nos quer mostrar como é bom ser humano. Deus também quis sorrir como nós, abraçar, estar junto, amar, olhar com carinho. No dizer do irmão Leonardo Boff: "Tão humano só poderia ser divino e tão divino só poderia ser humano". Na criança frágil e pobre está presente esse mistério: "O Verbo que se encarnou!" e veio armar sua tenda entre nós. Deus se torna humano para nós mostrar o caminho. Quanto mais humanos nos tornamos, mais perto do divino nos colocamos. Deus é simples e na simplicidade devemos nos aproximar D'Ele.

Recordemos a cena colocada nos Evangelhos: Maria e José voltam para Belém, estão a caminho fora de sua cidade e o menino nasce. Ela não é assistida por ninguém. Somente os pastores avisados por uma estrela vem visitar o menino. O casal pobre que só tem a Deus. O menino-Deus nasce a caminho, é visitado somente pelos pobres. Esses têm simplicidade para perceber a Boa noticia que se manifesta no meio deles. Deus que se torna próximo, " Deus conosco".

Os reis magos sentem esse novo tempo na história e vem ao encontro do menino. Como percebemos nós falamos do Natal. Mas, nos predemos a presentes e coisas supérfluas e esquecemos Deus que entra na história. A solidariedade, a fraternidade , o laço de amor que o Deus menino inaugura unindo todos os homens e elevando o humano está esquecido.

A Sagrada liturgia nos propõe um tempo especial de vigília e de espera na expectativa desse acontecimento que se renova a cada ano. O natal nunca deve ser o mesmo. Cada ano devemos querer viver mais intensamente o mistério da encarnação. Ser seres humanos, melhores, reconciliados com Deus, com os irmãos e com toda a Criação.

Bem aventurado Natal! Feliz presépio! Que o Deus da vida encarne na tua vida fazendo morada em teu coração e suscite em ti uma vida de doação fortalecendo os laços de fraternidade.

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